CORAGEM E INCONFORMISMO:

A VOZ DA MULHER NA DITADURA BRASILEIRA NA LITERATURA DE BERNARDO KUCINSKI

Resumo

De 1964 a 1985, o Brasil viveu um período que ficou marcado por crimes brutais, atrocidades diversas e por atentados à liberdade e à democracia, momento histórico conhecido como ditadura. Esse cenário problemático foi discutido, repudiado e, com o passar dos anos, perdeu sua força, felizmente. Nesse ínterim, a literatura tem demonstrado interesse em abordar vivências, rotinas e experiências de sujeitos que viveram nesse contexto, a fim de dar-lhes espaço de existência e, sobretudo, de resistência face ao que esse momento específico representou em suas vidas. Com isso, levando em consideração não só que a literatura assume, por vezes, um compromisso social para com os sujeitos como também político, por meio da própria arte, este estudo objetiva, em primeiro plano, analisar duas mulheres – personagens fictícias de dois contos do escritor contemporâneo Bernardo Kucinski, denominados “Joana” e “Você vai voltar pra mim”, inseridos na coletânea de contos intitulada “Você vai voltar pra mim e outros contos” (2014), – figuras imersas em um cenário marcado por processos ditatoriais. A análise se pauta, teoricamente, em alguns autores, como Lima e Benatti (2021); Licarião (2021); Benatti e Morais (2021) e Ferreira (2018), e foi desenvolvida a partir de uma pesquisa de natureza qualitativa de viés bibliográfico. Por fim, realizada a análise, constatou-se que, em ambos os textos, as mulheres construídas por Bernardo Kucinski não desistem; não se calam; não se conformam; não consentem à pressão exercida pelo Estado; pelo contrário, suas personagens femininas são dotadas de uma força sobre-humana, que as faz seguir adiante, buscando suas próprias respostas e anseios em meio ao caos e à incerteza ocasionados pela ditadura brasileira