DON GIOVANNI DE JOSÉ SARAMAGO:
DE DISSOLUTO PUNIDO A ABSOLVIDO
Palavras-chave:
Don Giovanni., Lorenzo da Ponte, Azio Corghi, Mozart, Dispositivo, José SaramagoResumo
Esta publicação procurará estabelecer a comparação entre a peça de José Saramago, intitulada Don Giovanni ou o dissoluto absolvido, escrita para a ópera de Azio Corghi, “Don Giovanni il dissoluto assolto”, e o libreto de Lorenzo da Ponte, intitulado Don Giovanni, escrito para a também ópera de Wolfgang Amadeus Mozart, “Il dissoluto punito ossia il Don Giovanni”, cuja estreia aconteceu em 1787, no Teatro di Praga. Portanto, a relação da literatura com o teatro, a ópera e a música. Vários autores, desde o século XVI, pelo menos, debruçaram-se sobre o “mito” de Don Giovanni, que encarna o símbolo da devassidão, do excesso, da volúpia e da total entrega à ambição e a um objetivo vazio de sentido. A principal contribuição de Saramago talvez tenha sido a de garantir a sua absolvição, desafiando os elementos trágicos e barrocos, presentes no libreto de Lorenzo da Ponte, em que à referida personagem – por sua conduta desregrada e o assassínio do Comendador – só restava a condenação ao inferno. No texto de Saramago, a absolvição do devasso Don Giovanni aparentemente se dá pelo desaparecimento das provas de seus crimes: do caderno com o registro de suas vítimas seduzidas. No entanto, também é através da simplicidade da camponesa Zerlinda que o nobre Don Giovanni é finalmente derrotado. Contudo, ainda persiste a questão: no mundo atual há absolvição para o misógino e machista Don Giovanni? Para tanto se utilizou do pensamento de Walter Benjamin, Michael Foucault, John Gessner, Carlos Reis e Giorgio Agamben.