DECOLONIALIDADE
A REPRESENTAÇÃO DE VOZES SUBALTERNAS E DA MATERNIDADE NA POÉTICA DE CONCEIÇÃO EVARISTO
Palavras-chave:
Escrevivência, Feminismo negro, Decolonialidade, Subalternidade, MaternidadeResumo
Este estudo traz uma discussão sobre a contribuição de Conceição Evaristo nos debates sobre decolonialidade, que através de seus textos literários e teóricos, bem como de seu posicionamento em conferências e entrevistas, em relação à maternidade de mulheres negras, à subalternidade e ao feminismo negro. É sabido que o colonialismo europeu deixou marcas profundas na vida dos povos colonizados, provocando grandes transformações culturais nos sujeitos envolvidos no processo colonialista. Atualmente, são muitos os autores que se debruçam sobre esse assunto para (re)pensar as dinâmicas históricas, sociais, culturais e artísticas dos países que, ao longo dos séculos, experimentaram a subjugação pelo poder colonial europeu. A colonialidade é entendida como a continuidade da propagação do pensamento colonial, sendo representada, essencialmente, pelas relações dominantes de poder, saber e ser. Assim, surge o termo decolonialidade, como uma proposta de enfrentamento à colonialidade e ao pensamento eurocêntrico, tido como modelo de civilização e de desenvolvimento. Evaristo luta contra o silenciamento das mulheres causado pelo imaginário negativo nascido de uma sociedade escravocrata que, até hoje, perpassa os modos das relações sociais brasileiras, construídas a partir do colonialismo europeu. Para trazer à luz essa discussão, tomo como objeto de estudo alguns poema de Conceição Evaristo: “Eu-mulher”, “Vozes-mulheres”, “Bendito o sangue do nosso ventre” e “De mãe”, os quais compõem o livro Poemas de recordação e outros movimentos [2017]/(2021), assim como alguns textos teóricos e entrevistas da autora. O estudo também conta com embasamento teórico de Fanon, (2008), Quijano (2009), Mignolo (2017), Spivak (2010), entre outros.
Referências
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