O QUEER, A RELIGIÃO E O AMOR NAS CANÇÕES DE SUFJAN STEVENS

Resumo

O presente trabalho teve como objetivo investigar as relações entre o queer, o religioso e o amor nas canções do compositor e cantor estadunidense Sufjan Stevens. Para isso, utilizou-se uma metodologia de tipo documental, de análise do discurso e de perspectiva qualitativa. A partir do trabalho realizado, observa-se que em canções como “Genuflecting Ghost”, Stevens desafia o cânone e as performatividades normativas ao conectar esferas que historicamente não dialogam. Baseando-se no conceito de Elizabeth Stuart, que interpreta o queer como algo religioso, observa-se que Stevens introduz essa percepção na canção popular ao integrar elementos cristãos em suas narrativas para descrever o amor queer, o que representa uma característica inovadora. Compositores como Poulenc e Britten também estabeleceram uma conexão entre esses elementos, mas na música erudita. Britten aborda seu amor por Pears em "Sonnets of Michelangelo" e recorre ao yearning, um contínuo entre a busca e o desejo, também empregado por Stevens e característico das religiões. Poulenc, compositor de música religiosa cujas características hoje são consideradas camp, alcança uma interseção entre o queer e o religioso em seus balés e óperas. Em conclusão, foram encontrados traços identitários nas músicas analisadas, além de características que estabelecem a canção popular autoral como um espaço significativo para a expressão queer e a conexão com o sagrado. Portanto, é fundamental reconhecer essas obras como referências, buscando sua documentação como materiais musicológicos relevantes.