POESIA INDIGENISTA

PERSONIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS DA NATUREZA EM CANTOS Y CUENTOS QUECHUAS DE JOSÉ MARIA ARGUEDAS

Autores

  • Marco Antonio Ccahuana Peceros Universidade Federal de Alagoas

Palavras-chave:

Personificação, Entidades cósmicas, Poesia indigenista, Canção/Poesia

Resumo

O presente trabalho analisa a personificação ou prosopopeia nos poemas escritos por Arguedas (1986), que foram transfigurados da música oral – do povo quéchua das regiões de Ayacucho, Apurímac e Huancavelica no Peru – para a literatura escrita. A personificação é uma figura retórica que atribui qualidades humanas e em especial a capacidade de falar/escutar às pessoas fingidas ou às coisas personificadas (Mayoral, 1994); a utilização de esta figura retórica é muito frequente na poesia indigenista, na qual, identificam-se como receptoras da enunciação lírica ou destinatários textuais e que na sua maioria se caracterizam por serem elementos da natureza. Na cosmovisão quéchua, os rios, as montanhas, os animais, etc. fazem parte de um cosmos que têm vida, elementos da natureza que compõem uma ordem sagrada; a estes, os sujeitos líricos, dirigem-se para comunicar seus sentimentos ou os interpelar. No estudo sobre o processo histórico da canção/poesia quéchua, Arguedas (1961) estabelece três etapas: a pré-hispânica, da soledad cósmica e da soledade individual, é na segunda etapa que a maioria dos poemas cantados, foco de esta investigação, encontram-se. Podemos observar que há uma interação entre o homem andino e as entidades cósmicas e que estas situam-se num plano superior ao do indivíduo.

Biografia do Autor

  • Marco Antonio Ccahuana Peceros, Universidade Federal de Alagoas

    Graduado em Letras-Inglês – UNINASSAU; especialização em Metodologia de ensino de língua portuguesa e língua inglesa – FAVENI; mestrando em Linguística e Literatura - Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

Referências

ALTAMIRANO, Federico. Ñausa urpi: el símbolo como recurso figurativo en la composición de las canciones quéchuas en la narrativa de José María Arguedas. La Palabra, Boyacá, n. 45, p.224-257, 29 de dez. de 2023. https://doi.org.10.19053/01218530.n45.2023.14619

ARGUEDAS, José María. Obra antropológica, Tomo I. Lima, Horizonte, 2012.

BOSI, Alfredo. Narrativa e resistência. Itinerários, Araraquara, n.10, p. 11-27, 1996.

GARCIA, O. M. (1975) Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: Ed. da Fundação Getúlio Vargas

GONZALES, Manuel. Horas de Lucha. Lima, Mercurio, 1988.

GUIRAUD, P. (1970) A estilística. Trad. Miguel Maillet. São Paulo: Ed. Mestre Jou

HARNONCOUR, Nikolaus. La música como discurso sonoro. Barcelona, Acantilado, 2006.

KOPENAWA, Davi., ALBERT, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. Brasil: Companhia das Letras, 2015.

LAKOFF, G. & JOHNSON, M. (2002[1980]) Metáforas da vida cotidiana. Trad. Grupo de Estudos da Indeterminação e da Metáfora (GEIM). Coordenação de tradução Mara Sophia. Campinas, SP: Mercado das Letras; São Paulo: Educ.

MATTO, Clorinda. Aves sin nido. Lima, Ediciones Culturales Marfil, 1889.

MENDÍVIL, Julio. La suerte del tambobambino: archivos musicales y la biografía social de una canción indígena de los Andes peruanos. ArtCultura, Uberlândia, v. 24, n. 45, p. 9-36. 2022.

NORIEGA, Julio. La poética quechua del migrante andino. In: MAZZOTTI, José Antonio;AGUILAR, Ulises Juan Zevallos (Coord.) Asedios a la heterogeneidad cultural. Libro de homenaje a Antonio Cornejo Polar. Philadelphia: Asociación Internacional de Peruanistas,1996. p. 311-338.

SELIGMANN-SILVA, Márcio. História, memória, literatura: o Testemunho na era das Catástrofes. Campinas, Editora da UNICAMP, 2003.

ZUMTHOR, Paul. Introducción a la poesía oral. Madrid, Taurus, 1991.

Downloads

Publicado

2025-03-12