RITA LEE
AUTOFICÇÃO E AUTOBIOGRAFIAS COMO COMPLEMENTARES ESCRITAS DE SI
Palavras-chave:
Autoficção, Rita Lee, Autobiografia, Literatura contemporâneaResumo
O presente artigo planeja analisar a obra O mito do mito: de fã e louco, todo mundo tem um pouco (2024), de Rita Lee, publicada post-mortem. Na obra, a personagem Rita sai às escondidas da família, com ajuda de sua irmã Vivi, para uma consulta com um psicólogo misterioso, prometendo revelar e resolver as inquietações de qualquer um em apenas uma noite. Rita Lee traz elementos autoficcionais para sua obra que merecem destaque, questionando em que medida esses elementos autoficcionais contribuem para as futuras escritas autobiográficas da autora? Nesse artigo, além de uma breve rememoração biográfica da cantora, trazem-se os principais elementos descritos por diversos autores agrupados por Anna Faedrich (2015) e Virginia Woolf (1958) como pertencentes aos conceitos de escrita de si, bem como, uma análise aplicada à obra autoficcional e às autobiografias de Rita Lee. Isso, a fim de determinar os principais elementos utilizados na construção dessa obra como autoficcional e sua relação com as futuras escritas da autora. Pode-se concluir que é a partir desta experiência de escrita autoficcional que derivam as autobiografias de Rita Lee, que, apesar de lançadas cerca de quinze anos depois do primeiro rascunho de O mito do mito, as complementam. O exercício da escrita de si de forma ambígua, criativa, profunda, atenta a si e ao outro, atando o início e o fim da carreira de escritora de Rita para poder traçar paralelos interessantes, criar espaços autobiográficos, duvidar e acreditar em Rita, tudo a partir da escrita de si.
Referências
DOUBROVSKY, S. Fils: roman. Paris: Éditions Galilée, 1977.
FAEDRICH, Anna. O conceito de autoficção: demarcações a partir da literatura brasileira contemporânea. Itinerários, Araraquara, n. 40, p.45–60, jan./jun. 2015.
JACCOMARD, H. Lecteur et lecture dans l’autobiographie française contemporaine: Violette Leduc, Françoise d’Eaubonne, Serge Doubrovsky, Marguerite Yourcenar. Genève: Droz, 1993.
LEJEUNE, P. Da autobiografia ao diário, da Universidade à associação: itinerários de uma pesquisa. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 48, n. 4, p. 537–544, 2013.
LEJEUNE, P. Da autobiografia ao diário, da Universidade à associação: itinerários de uma pesquisa. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 48, n. 4, p. 537–544, 2013.
LEE, Rita. Rita Lee: uma autobiografia. São Paulo: Globo Livros, 2016. Edição Kindle.
LEE, Rita. Rita Lee: outra autobiografia. São Paulo: Globo Livros, 2023.
LEE, Rita. O mito do mito: de fã e de louco, todo mundo tem um pouco. São Paulo: Globo Livros, 2024.
OLIVEIRA, Pamella T. Souza de. “Um verdadeiro judeu não esquece seu passado”: a autoficacao de A Chave da Casa, de Tatiana Salem Levy. In: Revista Garrafa. Vol. 16, n. 46, Outubro-Dezembro 2018, p. 82 – 100. ISSN 18092586
WOOLF, Virginia. The New Biography. In: WOOLF, Virginia. Granite and Rainbow.
Harcourt, Brace and Company, 1958. Disponível em: <https://archive.org/details/graniterainbowes00wool/page/n6/mode/1up> Acesso em 27 de jul. de 2024