COMPORTAMENTO DE CAPTURA DE CAMPONOTUS MUS (INSECTA: FORMICIDAE) EM COLÔNIAS DE PARATEMNOIDES NIDIFICATOR (ARACHNIDA: PSEUDOSCORPIONES)

Autores

  • Renan Filgueiras Ribeiro
  • Flavia Cristina Costa Gomes
  • Breendow Cesar Alves Barbosa Silva
  • Alinne Ferreira Silva Tizo
  • Everton Tizo Pedroso

Resumo

Os pseudoescorpiões da espécie Paratemnoides nidificator são comumente encontrados no Brasil, vivendo em colônias, sob as cascas das árvores, constituídas por dezenas de indivíduos. Estes pseudoescorpiões caçam cooperativamente outros artrópodes de maior porte corporal. Desse modo, o presente estudo analisou o comportamento do pseudoescorpião P. nidificator, investigando-se as diferentes estratégias envolvidas na captura de presas, buscando avaliar a existência de um componente cognitivo mediando à captura de presas como as formigas Camponotus mus. Foram coletadas 12 colônias de pseudoescorpiões (tendo entre 20 e 30 pseudoescorpiões) provenientes da área urbana da cidade de Morrinhos, GO. No laboratório da Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Morrinhos, cada colônia foi acondicionada em placa de vidro (12cm x 15cm x 2mm), contendo fragmentos de casca de árvore, fixados com cola para isopor, e pequenos pedaços de algodão umedecido. A análise de eficiência de captura, em relação à exposição continuada do mesmo tipo de presa, foi realizada mediante a oferta de operárias da formiga Camponotus mus. Cada colônia experimental foi submetida a 10 eventos de predação independentes. As observações foram livres, seguindo o método Ad libitum, permitindo o registro de todos os comportamentos, de modo contínuo, durante o período máximo de 60 minutos. O tempo necessário para abater a presa e número de repetições do mesmo tipo de presa foram comparados utilizando-se o teste de Kruskal-Wallis. No total foram realizados 73 eventos de oferta de presa, cerca 49 horas de observação em laboratório. Destes eventos, 40 (54,79%) foram considerados bem sucedidos, ocorrendo a captura e o abate da presa e o processo completo de alimentação. Não houve diferença significativa no número de comportamentos entre as colônias (KW-H(7;80) = 7,86; p = 0,34). Contudo, foram encontradas diferenças significativas entre as medianas dos números de pseudoescorpiões participando dos ataques em relação a cada colônia (KW-H(7;80) = 38,73; p = 0,001). A mediana do tempo necessário para abate da presa também mostrou-se diferente em relação às colônias (KW-H(7;80) = 15,48; p = 0,03). O número de atos comportamentais necessários para o abate da presa não mostrou-se diferente em relação à repetição do tipo de presa (KW-H(9;80) = 7,311; p = 0,6048). Também não detectou-se diferença significativa entre a mediana do número de pseudoescorpiões participando da captura em relação à repetição do mesmo tipo de presa (KW-H(9;80) = 5,90; p = 0,75). Por fim, o tempo necessário para o abate da presa foi significativamente diferente em relação à repetição da presa (KW-H(9;80) = 17,80; p = 0,037), havendo tendência para redução do tempo quando a presa foi oferecida repetidamente. Este estudo demonstrou que colônias de médio porte do pseudoescorpião P. nidificator reagem de modos diferentes quando expostas à formiga C. mus. Mesmo sendo aracnídeos sociais, o número de indivíduos no grupo não assegura a iniciativa no ataque. Além disso, as colônias se arriscam mais ou menos vezes ao atacar a presa, sendo mais ágeis do que outras na captura, principalmente após a experiência repetida com a mesma espécie-presa.

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Publicado

2014-09-05