METRÓPOLE E NECRÓPOLE: CIDADE DOS VIVOS E CIDADE DOS MORTOS. HÁ CONEXÃO?
Palavras-chave:
Metrópole. Necrópole. Paisagem urbana. Sociedade.Resumo
Dentre as formas construídas pelo homem, em sua luta pela sobrevivência e segurança, destaca-se a cidade. Nela materializam-se as relações históricas dos homens, permeada por ideologias. A cidade é fruto das ações econômicas, sociais e culturais de determinado tempo e contexto. Uma cidade é reconhecida através de sua paisagem que sofre transformações e/ou atualizações, mediante os usos e apropriações de seu espaço, originando paisagens urbanas distintas, repletas de significados e contradições. Uma sociedade hierarquizada condiciona o processo espacial, através do uso diferenciado desse espaço, gerando a desigualdade espacial, produto da desigualdade social. A percepção das diferenças temporais, sociais e culturais, presentes na cidade dos vivos, remete a reflexão sobre a cidade dos mortos. Existe uma relação estreita entre a metrópole e a necrópole? As contradições sociais, presentes na paisagem urbana, se repetem na paisagem cemiterial? Estudos revelam que sim, pois os cemitérios, assim, como as cidades são construções humanas, com objetivos determinados. Os primeiros destinam-se a ocultação dos mortos e os segundos refletem os espaços da vida realizada em sociedade, caracterizada pela diversidade cultural, econômica, étnica e histórica, gerando espaços geográficos dinâmicos, diversificados e antagônicos. Tais contradições são também visíveis na paisagem das necrópoles. Elas reproduzem, num espaço físico reduzido, a situação das metrópoles, mesmo que alguns digam que a morte “iguala” as pessoas no “descanso eterno”.