Festas de Candomblés: caminhos metodológicos de pesquisa de campo
Resumo
Resumo: O presente artigo[1] centra-se em apontamentos teóricos e metodológicos sobre as festas do Candomblé. As festas da referida religião se constituem numa dimensão multiterritorial permeada por relações sociais, políticas e identitárias. Estas se apresentam como prática cultural e patrimônio imaterial para o grupo que as vivenciam. Metodologicamente, após uma década de pesquisa (2008-2018[2]), inferimos que para realizarmos o estudo sobre festas do candomblé nos pautamos no conjunto de métodos e procedimentos que envolvem desde a observação participante, etnografias ao tratamento quantitativo e qualitativo de dados. A observação de uma festa de candomblé é dada por vários momentos. Primeiramente aquele que antecede a festa (os orôs, as comidas, as rezas e outras), durante (a roda, as danças de orixás) e posteriormente (o ajeum e as conversas). É válido aclarar que a inserção no grupo como pesquisador requer um intenso envolvimento e respeito ao sistema hierocrático da referida religião.
Palavras-Chave: Festas. Candomblé. Metodologia.
[1] O presente texto é parte da tese: Dinâmicas Territoriais do Sagrado de Matriz Africana: O Candomblé em Goiânia e Região Metropolitana. VIEIRA SILVA. Mary Anne. Tese (Doutorado em Geografia). Goiânia: UFG, 201. Insere-se nas atividades do projeto pós-doutoral: Identidades diaspóricas e a transnacionalização das práticas religiosas de matriz africana: poder de colonialidade e saberes subalternos, FAPEG-CAPES, 2018.
[2] No ano de 2008 aprovou-se o projeto Mães de Santo junto à Fundação de Amparo à pesquisa de Goiás, (edital 003/2008) que intentou mapear os terreiros de Candomblés, e em especial, aqueles liderados por yalorixás. Dentre eles, Ilê Axé Onilewá Azanadô, da yalorixá Teresa ti Omolu, no bairro Buriti Sereno em Aparecida de Goiânia; Ilê axé Oyá Igbem Bale, liderado pela yalorixá Jane ti Omolu, localizado no Bairro Cardoso em Aparecida de Goiânia e o Ilê Axé Canto de Oxum, da yalorixá Maria Luisa ti Oxum, situado no bairro Urias Magalhães em Goiânia. Durante esse período as festas foram acompanhadas por registros e cadernos de observações em que as etapas, bem como as experiências nessas festas foram tratadas pelas vias da observação participante e pelas técnicas da etnogeografia.