O TERRITÓRIO GOIANO NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX NA VISÃO DA IMPRENSA
Resumo
Maria de Fátima Oliveira[1]
[1]Doutora em História pela UFG. Professora do Curso de História da Universidade Estadual de Goiás (UnUCSEH/UEG), Campus de Anápolis.
Esta comunicação[1] visa mostrar como Goiás foi visto e descrito na primeira metade do século XX pela imprensa, mais especificamente pela Revista A Informação Goyana. Este meio de comunicação foi fundado aos quinze de agosto de 1917, no Rio de Janeiro, sob a direção de dois goianos, Henrique Silva e Americano do Brasil. Seu objetivo principal era o de divulgar as riquezas e possibilidades econômicas do Brasil Central, principalmente de Goiás, e torná-las conhecidas no âmbito nacional para incentivar investimentos na região. Com finalidade publicitária, educativa e política a revista pretendia também, segundo seus editores, fornecer informações que eram omitidas pela grande imprensa. Sua circulação, que durou até 1935, não ficou restrita à capital federal (Rio de Janeiro) e Goiás, sendo lida também nos outros estados brasileiros, e até mesmo em outros países.
Este meio de comunicação impresso que cobriu quase 20 anos de informações sobre este extenso território é uma fonte importante para pesquisas que abordam diversos temas e objetos. Em seu primeiro número ressalta que, um de seus principais esforços é “colocar diante dos olhos dos capitalistas, dos industriais e dos comerciantes as possibilidades econômicas sem conta do Estado mais central e menos conhecido do Brasil”.
São diversos os assuntos abordados na revista, mas com uma visível predominância das questões voltadas para as imensas riquezas naturais, que, segundo o teor, se devidamente exploradas, traria resultados econômicos positivos para o desenvolvimento do Brasil Central. Outros temas que também receberam grande destaque foram: a problemática da necessidade de melhoria dos meios de transportes, tanto o fluvial quanto o terrestre, a educação, as questões indígenas, os litígios na definição dos limites de Goiás, as questões ambientais e a própria imprensa.
Ao longo dos 213 números que compõem os dezenove volumes da revista, são reproduzidos diversos artigos de outros periódicos que elogiam a publicação da revista. Henrique Silva preocupava-se em corrigir os equívocos sobre Goiás, publicados em outros meios de comunicação que, segundo ele, eram comuns, e noticiar Goiás de uma forma mais positiva e propagandista. A revista contém, além de longos textos, também fotografias e mapas. Sua circulação chegou ao fim com a morte de seu fundador, Henrique Silva, em 1935.
Portanto, a visão do território goiano na primeira metade do século XX por meio desta fonte é a de um Estado com imenso potencial econômico a ser explorado, mas que pouca expressividade possuía na esfera política na época. A Revista se coloca como divulgadora das potencialidades do território goiano com o intuito de contribuir para o seu desenvolvimento através da propaganda, visando incentivar investimentos para sua inserção na onda de crescimento pela qual o país passava.
Referências
BERTRAN, Paulo. Formação Econômica de Goiás. Goiânia: Oriente, 1978.
LUCA, Tania Regina de. Fontes Impressas: História dos, nos e por meio dos periódicos. In: PINSKY, Carla Bassanezi. (Org.) Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, 2005.
SILVA, Marcos A. da. República em Migalhas: História Regional e Local. São Paulo: Marco Zero, 1990.
SILVA, Henrique e BRASIL, Americano do. Revista A Informação Goyana. Rio de Janeiro, 1917/1935.
[1] Resultados parciais do projeto de pesquisa Quando o Sertão chegou ao Mar (1917/1935): Goiás sobe a ótica da Revista A Informação Goyana, que contou com a colaboração de dois bolsistas de Iniciação Científica, acadêmicos do Curso de História em 2011: Bruno Gonçalves dos Santos e Tais de Oliveira Ferreira.