LIVROS DIDÁTICOS: RELAÇÕES DE PODER EM REPRESENTAÇÕES DE GÊNERO
Autores
Ajupate quaresma AJUPATE
Palavras-chave:
RELAÇÕES DE PODER EM REPRESENTAÇÕES DE GÊNERO
Resumo
LIVROS DIDÁTICOS: RELAÇÕES DE PODER EM REPRESENTAÇÕES DE GÊNEROAncel Quaresma Afonso Ajupate – andjenabu@hotmail.comAmanda Santos Ferreira – amandaanp@hotmail.comProf. Dr. Ariovaldo Lopes Pereira – arylopes_br@yahoo.comIntroduçãoEsta pesquisa teve como foco a análise das manifestações de relações de poder entre gêneros presentes na sociedade e como são representadas no livro didático através da veiculação de discursos ideológicos, considerando como esses discursos são absorvidos e assimilados ou questionados por professores e alunos. A investigação foi conduzida a partir dos seguintes objetivos: (a)analisar as relações entre gêneros representadas em livros didáticos de LE, a fim de constatar se tais representações reproduzem e legitimam ou questionam e contestam as relações de poder presentes na sociedade brasileira; (b)identificar os discursos ideológicos expressos por essas representações; e (c)fornecer subsídios para uma reflexão crítica sobre o ensino brasileiro através da problematização da realidade retratada nos livros didáticos utilizados no ensino de LE e suas implicações para a formação dos aprendizes que são expostos a esses materiais.Revisão BibliográficaBobbio (1999, p. 204) acredita que o poder encontra-se em toda parte, “como o ar que se respira”, sendo o sistema social “constituído por uma densa e complexíssima inter-relação de poderes”. Na visão de Heberle (2001, p. 98), “Gênero constitui uma categoria socialmente construída, que interage com outras variáveis socioculturais e contextuais, como nível de escolaridade, situação socioeconômica, idade, etnia, classe social, orientação sexual, filiação política e religiosa e relação de poder”. Para Foucault (1998, p. 10) “discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou sistemas de dominação, mas aquilo por que, pelo que se luta”. Portanto, o discurso serve para manter sistemas de crenças de um povo assim como serve para transformar o sistema.Material e MétodosA pesquisa é de caráter qualitativo/interpretativista e foi desenvolvida em duas etapas: 1.análise de formas de representação de gêneros masculino e feminino em textos dos livros didáticos de língua inglesa indicados pelo Guia do Livro Didático do PNLD/2011, seguindo a proposta de Fairclough (1995; 1992) para uma Análise Crítica do Discurso; 2.pesquisa de campo para levantamento, registro, coleta, seleção e análise de dados através do uso dos seguintes instrumentos de pesquisa: questionários aplicados a alunos; entrevistas semiestruturadas com professores; e registro de notas de campo pelos pesquisadores. ConclusõesA análise dos dados obtidos na primeira etapa da pesquisa evidenciou a valorização do gênero masculino através da veiculação de discursos ideológicos que reproduzem e reforçam relações de poder ainda existentes na sociedade brasileira, as quais inferiorizam o gênero feminino em relação ao gênero masculino. Na segunda etapa, foram entrevistados uma professora que adota a coleção Keep in Mind e um professor e uma professora que utilizam a coleção Links em suas aulas. Os professores entrevistados não percebem nenhuma expressão de preconceito ou estereótipos de gêneros masculino e feminino. Nesse sentido, observa-se uma sintonia entre a visão dos alunos e a dos professores. O presente estudo evidenciou uma divergência entre a análise dos livros didáticos e as concepções da professora e dos alunos investigados sobre esse mesmo instrumento. Isto reforça a necessidade de uma melhor e mais consistente formação de professores de língua estrangeira nos cursos de licenciatura, a fim de prepará-los para lidar de forma crítica com os materiais didáticos, contribuindo, assim, para a conscientização dos alunos e o seu crescimento como pessoas e cidadãos críticos e reflexivos. Referências BibliográficasBOBBIO, Norberto. As Ideologias e o Poder em Crise. 4. ed. Brasília: Ed. Univers. de Brasília, 1999.FAIRCLOUGH, N. Discourse and social change. Cambridge: Polity Press, 1992.____________________. Critical discourse analysis. The critical study of language. New York: Longman, 1995.FOUCAULT, M. A ordem do discurso. Aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. 4. ed. Trad. Laura F. de Almeida Sampaio. São Paulo: Loyola, 1998.HEBERLE, V. M. “Questões de gênero e identidade no discurso da mídia”. In: GRIGOLLETTO, M. e CARMAGNANI, A. M. G. (Org.). Inglês como língua estrangeira: identidade, práticas e textualidade. São Paulo: HumanitasFFLCHUSP, 2001.Coleções de livros didáticos analisadas:CHIN, E. Y. e ZAOROB, M. L. F. A. Keep in mind. São Paulo: Scipione, 2009.MARQUES, A. O. C. C. e SANTOS, D. M. Links – English for teens. São P