Ocorrência de patógenos em onças-pintadas no Brasil
Resumo
A onça-pintada (Panthera onca), também conhecida como jaguar ou onça-preta (variação melânica) é um mamífero carnívoro pertencente à família Felidae, terceiro maior felídeo do mundo e o maior predador das Américas, responsável por controlar a cadeia alimentar sendo importante para a manutenção do equilíbrio ecológico dos ambientes onde ocorre. A P. onça pode atuar como espécie bioindicadora e ser usada como “sentinela” de diversos patógenos de importância em saúde pública e animal. Atualmente, é considerada ameaçada de extinção no Brasil devido à caça predatória e à perda e degradação de seu habitat. Além disso, o declínio populacional desta espécie ameaçada tem sido causado devido a surtos epidêmicos de doenças infecciosas. Segundo estudos realizados recentemente no Brasil e em outros países, a transmissão ocorre a partir da exposição de carnívoros selvagens a agentes infecciosos que comumente causam morbidade e mortalidade em animais domésticos, podendo também ocorrer no sentido inverso e atuar como fontes de infecção para seres humanos, representando uma ameaça a programas de controle e erradicação de zoonoses. No Brasil, levantamentos sorológicos tem demonstrado detecção de anticorpos contra Brucella abortus e Erlichia spp., e soropositividade à Leptospira spp., Toxoplasma gondii, Neospora caninum, Sarcocystis neurona e Rickettsia spp., bem como infecção pelos protozoários Hepatozoon spp., Cytauxzoon felis e Leishmania spp. e aos vírus da cinomose, raiva e parvovírus em onças-pintadas de vida livre e cativas, principalmente nas regiões do Cerrado, Pantanal, Amazônia e Mata Atlântica. Os patógenos podem ser detectados através de testes sorológicos com a pesquisa de anticorpos e testes moleculares como Reação em Cadeia pela Polimerase (PCR). Considera-se que a alternativa mais viável para diminuir a ocorrência de doenças infecciosas em felinos selvagens consiste no controle dos agentes etiológicos na população de carnívoros domésticos.
