FILIGRANAS TRANSCENDENTAIS NA LÍRICA DE HENRIQUETA LISBOA
Resumo
O presente estudo objetiva destacar aspectos que revelam a sensibilidade lírica de Henriqueta Lisboa, escritora mineira, que transitou entre as vertentes simbolista e modernista e que viveu entre 1901 e 1985, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte. Sua fecunda obra constitui-se de livros de poemas, ensaios, organização de antologias e traduções. Lisboa recebeu inúmeros prêmios, entre os quais destaca-se o “Prêmio Machado de Assis”, pelo conjunto de sua obra, que lhe conferiu a Academia Brasileira de Letras em 1984. Almeja-se demonstrar que a sensibilidade de Henriqueta Lisboa perante as questões sociais e, sobretudo, no tocante às diferenças humanas, em especial, as deficiências – possibilita ao leitor a reflexão a respeito de que as limitações físicas não devem coincidir com as deficiências psíquicas na forma de olhar o outro. Cada ser humano deve valorizar as suas potencialidades e perceber as diferenças com respeito, naturalidade e espírito de solidariedade. Sua aguçada procura no sentido de desvelar os sentidos da trajetória humana, seus enigmas, percalços e desafios conduziram-na a revelar ao leitor sua cosmovisão acerca da transcendência de modo ímpar. Pretende-se, ainda, ressaltar que os seres vivos, inseridos no amplo conjunto a que se denomina humanidade, não são instituídos apenas de matéria, de corpo. Unidades híbridas, entes compostos de elementos díspares, os humanos são formados de uma parte material e de uma parte não-material. Independentemente de crenças de caráter religioso, para se refletir a respeito da transcendência é imprescindível estar convicto de que os seres humanos, devido a sua própria natureza, são capazes de transcender da matéria para o evanescente, do concreto à abstração. Nessa perspectiva, deseja-se que a obra de Henriqueta Lisboa possa aguçar e lançar luzes às habilidades leitoras, a fim de que os enigmas desta escritora possam ser desvelados e se tornem cada vez mais difundidos nos meios em que a poesia deve, sempre, se fazer presente para reencantar corações e incomodar mentes e espíritos os mais diversificados.
Palavras-chave: Henriqueta Lisboa, poesia, transcendência.