CORPO E ESPAÇO: REPRESENTAÇÕES DA SEXUALIDADE E DO DESLOCAMENTO NOS ROMANCES DE CHICO BUARQUE E JOÃO GILBERTO NOLL
Resumo
Resumo: Procura-se investigar a relação dialética entre corpo e espaço, enfocando os deslocamentos corporais nos mais diversos lugares e as interações entre os indivíduos. Para tanto, serão utilizados os romances Budapeste (2011) e Estorvo (2004) de Chico Buarque, e Lorde (2004) de João Gilberto Noll. Essas obras trazem narrativas calcadas na “estética dos deslocamentos”, ou seja, retratam protagonistas que estão em trânsito, à deriva, são andarilhos errantes. Há uma angustiante sensação de desterro que os leva a buscarem conforto e/ou pertencimento em outros corpos, ocorrendo interações sensoriais, às vezes sinestésicas, como é próprio do ato sexual, da briga, do afago etc. Para tal estudo, inspira-se também na figura do flâneur moderno criada pelo poeta Charles Baudelaire que é, agora, transplantada para o mundo dito pós-moderno. As narrativas são estruturadas por protagonistas que narram, a maior parte do tempo, em 1ª pessoa e que transitam entre Rio de Janeiro, Budapeste, Londres, entre outros lugares, em estado de exílio. Esses protagonista-narradores se relacionam, dos mais diversos modos, com os corpos de outros sujeitos e problematizam o seu próprio eu, assinalando uma crise existencial, um conflito interno. Por isso, a partir do conceito do “biopoder” formulado por Michel Foucault, busca-se ainda entender que tipo de poder político tais corpos expressa, pois se trata de personagens que costumam estar à margem, nas sombras da sociedade, como homossexuais ou escritores anônimos, representando uma constante perturbação sobre a sua própria vivência, tanto corporal quanto espacial, no mundo.
Palavras-chaves: Corpo; espaço; deslocamentos.