DA CIDADE DE GOIÁS À GOIÂNIA: NARRATIVA E REPRESENTAÇÃO DO LOUCO E DA LOUCURA EM GOIÁS (1930-1954)

Autores

  • Ronivaldo de Oliveira Rego Santos

Resumo

Trata-se de discutir o modo como a loucura era representada e tratada em Goiás durante a transição da sede da capital da Cidade de Goiás para Goiânia. Para isso, lança-se mão dos trabalhos de Cora Coralina, que traz à tona uma série de descrições acerca dos tipos de rua, que viviam na antiga capital. No mesmo sentido, encontra-se no texto de Bernardo Elís, André louco, uma ambientação verossímil em relação à cidade de Goiás. Em ambos os textos há muitas representações sobre o louco e a loucura que situam e contextualizam a loucura antes da construção da nova capital. Outras narrativas são analisadas, entre elas, os discursos políticos, como por exemplo, os de Pedro Ludovico, escritos no relatório para o então presidente Getúlio Vargas, no ano de 1933. Esses textos narram as histórias da loucura em Goiás, sobretudo na Cidade de Goiás, embora de modo muito diferente das narrativas literárias. Em seguida apresenta-se a loucura em Goiânia, no decorrer de seus primeiros anos. Mostra-se a loucura e o louco como frequentadores das ruas, fazendo delas seu habitat, as ruas como produção poética e artística de existências tão singulares. Finalmente, discute-se a contextualização do lugar da loucura na nova capital, a partir de inauguração, em 1954, do Hospital Psiquiátrico Professor Adauto Botelho, cujo discurso de inauguração será também objeto de análise. Durante essa análise, tenta-se mostrar como o discurso de modernização e ‘melhoramento do povo’ está atrelado à vontade de ordem e de exclusão das pessoas que estão fora de determinados padrões construídos socialmente como normais.

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Publicado

2018-08-19