CRISTOTRANS: ANÁLISE IDENTITÁRIA CRÍTICA NO DISCURSO DE RESISTÊNCIA

Autores

  • Osvaldo Jefferson da Silva UEG
  • Sóstenes Cezas de Lima UEG

Resumo

Esta pesquisa apresenta uma análise identitária de um sujeito social transgênero, a partir da perspectiva da Análise do Discurso Crítica (ADC), conforme Fairclough (2003), com o objetivo de investigar três categorias analíticas: intertextualidade, ator social e identificação relacional. A primeira, intertextualidade consiste na materialização da cena presente na memória discursiva religiosa, evocada tanto por leitores como pelo(s) próprio(s) produtor(es) do discurso e identificada por meio de semioses linguística e imagética, apresentadas numa construção semiótica que pode ser utilizada como desconstrução do sagrado, na cena da Crucificação, por ser a imagem um elemento de multimodalidade textual. A segunda, ator social tem-se a representação identitária de uma pessoa transegênera que atua como militante de um grupo de minoria, formado por lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis (LGBTT). Enquanto a terceira categoria, denominada identidade relacional, elenca dois públicos distintos, evocados na imagem da crucificação: numa vertente, a relação de identificação é construída a partir do olhar em que uma transexual é vista como vítima de violência e exclusão social que milita por seus direitos civis; por outro viés, a identificação relacional dá-se na retomada do discurso religioso em que o Deus cristão encarnado é apresentado de forma tendenciosa, profanando símbolos da religiosidade cristã. Neste estudo, a imagem de Viviany Beleboni, a transexual que representou a figura sagrada de Jesus Cristo na cena da crucificação, na 19ª Edição da Parada do Orgulho Gay de 2015, em plena Avenida Paulista, na capital de São Paulo, foi escolhida como objeto de análise, ancorada na vertente crítica dos estudos discursivos. Esta imagem trata-se de uma manifestação político-social, realizada por um grupo de minoria, constituída como discurso de resistência da comunidade LGBTT, por gerar enfrentamento com a população heteronormativa cristã considerada maioria e hegemônica..

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Publicado

2018-10-13

Edição

Seção

GT 2 (2015) - Linguagem, Cultura e Discurso 10 trabalhos