A REPRESENTAÇÃO DO NEGRO NA OBRA UÓLACE E JOÃO VICTOR, DE ROSA AMANDA STRAUSZ

Resumo

Nesta comunicação, propomos uma discussão a respeito da personagem negra apresentada na obra Uólace e João Victor, da escritora brasileira Rosa Amanda Strausz, publicada em 1999. Na Literatura Infantil e Juvenil brasileira, a personagem negra somente aparece no final da década de 1920 e início da de 1930 (JOVINO, 2006). Tia Nastácia, personagem dos livros de Monteiro Lobato, “é uma senhora negra com aproximadamente a mesma idade de Dona Benta. Ela é a responsável pelos serviços domésticos no Sítio. Representa a cultura popular com suas crenças e medos” (FRANCA, 2009). Na obra lobatiana, editada a partir da década de 1920, ela é caracterizada como a maioria dos negros presentes nos livros da literatura direcionada ao público adulto produzidos nesse período. Ou seja, aos negros eram reservados os papéis de pobres, feios, serviçais e outros tantos estereótipos, que ainda vemos hoje em determinados livros. Esse quadro de representação negativa da personagem negra começa a mudar, a partir do surto de criatividade da Literatura Infantil e Juvenil brasileira ocorrido entre as décadas de 1970 e 1980. Nessa época, surgem autores criativos como Ana Maria Machado, Ruth Rocha, Lygia Bojunga, Ricardo Azevedo, Roseana Murray, Angela Lago, que em seus textos colocam “[...] em causa as relações convencionais existentes entre a criança e o mundo em que ela vive, questionando também os valores sobre os quais nossa sociedade está assentada” (COELHO, 2010). Após o surto de criatividade, livros como Menina bonita do laço de fita, de Ana Maria Machado; O menino marrom, de Ziraldo; O cabelo de Lelê, de Valéria Belém, dão voz e lugar ao negro. Nessa perspectiva, elegemos a obra Uólace e João Victor, de Rosa Amanda Strausz, como objeto de nossa pesquisa, a fim de averiguar se se prevalece o estereótipo negativo a respeito do negro na representação da personagem Uólace.