A BRASA QUE NÃO DORME: A CIDADE DE GOIÂNIA E O ACIDENTE RADIOLÓGICO COM O CÉSIO-137 EM PÃO COZIDO DEBAIXO DE BRASA, DE MIGUEL JORGE

Resumo

Este trabalho promove um estudo de como se dá a representação da cidade de Goiânia no romance Pão cozido debaixo de brasa (1997), do escritor Miguel Jorge, que promove uma representação da cidade de Goiânia no contexto do desastre com o Césio-137 (1987). Pelo tom de engajamento social que se percebe, esta obra pode ser tomada como marco de resistência ao não-silenciamento de memórias sobre o Césio-137. Crê-se que a metaficção historiográfica de Miguel Jorge é capaz de criar uma representação da cidade de Goiânia rica em memórias históricas. Objetiva-se analisar como é criada a representação de Goiânia como cidade da dor e do medo, na obra de Miguel Jorge, bem como a forma que são recuperadas as memórias do desastre com o Césio-137, neste romance e, por fim, explicar em que medida a narrativa de Miguel Jorge é capaz de criar uma consciência histórica sobre Goiânia. O aporte teórico é composto por obras de áreas variadas do conhecimento humano, como: a ressignificação, pela produção artística, de eventos trágicos (OLIVEIRA, 2008); a relação entre a literatura e os aspectos sociais cotidianos (CANDIDO 1976); o tratamento que a literatura faz na recuperação de memórias (GAGNEBIN, 2006); a representação da cidade na literatura (CALVINO, 1990). O trabalho é de caráter bibliográfico do tipo analítico-interpretativo. Espera-se que, ao final desta pesquisa, seja possível compreender como se deu o processo de ficcionalização da cidade de Goiânia e do desastre radiológico como o Césio-137, bem como notar, pelo tom de engajamento da obra, como se estabelece uma crítica aos verdadeiros responsáveis por essa tragédia. Além disto, apresentar essa narrativa ficcional como capaz de promover uma luta contra o apagamento de uma memória traumática em Goiânia, sobre o acidente com o Césio-137.