GÊNERO E SEXUALIDADE NA FORMAÇÃO CRÍTICO-REFLEXIVA DOCENTE
Palavras-chave:
Formação de Professores, Diversidade, Gênero e Sexualidade.Resumo
Dentre as variadas concepções de formação de professoras/es, observa-se que a crítico-reflexiva se apresenta como uma das mais coerentes com a atual conjuntura sócio-política, pois contribui para um pensamento docente preocupado não apenas com o processo de ensino e aprendizagem, mas também com as práticas sociais que podem legitimar discursos e ações que levam grupos historicamente marginalizados à dor, sofrimento e exclusão. Considerada um recorte social, o ambiente escolar propicia que os alunos desenvolvam posturas críticas, ativas e cidadãs, entretanto, é necessário que a/o própria/o docente possua esse perfil. Os estudos queer podem contribuir para que essa formação crítico-reflexiva ocorra efetivamente, pois abordam o processo de (des)construção de discursos e posturas naturalizadas e preconceituosas à pessoas LGBT. Nessa perspectiva, este trabalho objetiva refletir sobre a importância de práticas docentes voltadas para questões que envolvam gênero e sexualidade, por meio de uma revisão bibliográfica de construtos teóricos de autores como Louro (2001), Contreras (2002) e Miskolci (2012). Os resultados apontam que o currículo escolar pode ser um importante instrumento de realizar efetivamente uma prática pedagógica queer e crítico-reflexiva, preocupada em incluir conteúdos, textos e pesquisas que possibilitem que discussões acerca de assuntos que, muitas vezes, não possuem o devido espaço na matriz curricular, como gênero, sexualidade e LGBTfobia. Além disso, o processo formativo crítico-docente queer não se limita apenas a possibilitar à/ao docente reflexões sobre como práticas preconceituosas contra pessoas que fogem da norma heterossexual são mantidas, legitimadas e naturalizadas, mas também, compreender a importância de seu papel de agente social na desconstrução de tais ações opressoras.
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