ENTRE A PROIBIÇÃO E A APROPRIAÇÃO: USOS DOS DISPOSITIVOS MÓVEIS EM ESCOLAS PÚBLICAS
Resumo
Apesar da promulgação de leis municipais, estaduais e federais e regimentos internos de cada escola, que proíbem o uso do celular no ambiente dessa instituição, ele está lá, nas mãos, no bolso da calça jeans, dentro da bolsinha de lápis, no jaleco branco que alguns professores trajam, na mesa da diretora. O Brasil iniciou o ano de 2013 com mais de 263 milhões de linhas ativas na telefonia móvel e 133 aparelhos para cada grupo de cem pessoas, o que sugere mais de um telefone móvel por pessoa. Os dados de uso doméstico e corporativo do computador são de 118 milhões, 60% per capita ou três computadores para cada cinco habitantes, segundo a 24ª Edição da Pesquisa Anual do Uso de TI, realizada pelo Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP) e divulgada em abril de 2013. Somente no mês de fevereiro de 2013 foram registradas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) mais de 785 mil novas habilitações de telefones celulares. O que indica que a posse e o uso do celular são mais que o dobro do que a posse e o uso do computador. Esses e outros dados indicam que os dispositivos móveis estão afetando a todos simultaneamente, independente da idade, daí a importância de compreender como os usuários dessa mídia, que são também sujeitos da escola, a utilizam quando se encontram na instituição, para mais tarde ser capaz de identificar se há possibilidades e limitações nos usos que o celular pode apresentar nos processos de interação, convivência, ensino e aprendizagem. Afinal, como regular os desafios que estes aparelhos estão impondo sem antes reconhecê-lo? A questão do celular na escola passa a ser também a de reconhecer que eles existem, são proibidos, mas os sujeitos que frequentam as escolas continuam a levar seus celulares e outros dispositivos móveis para a instituição como parte de sua cultura de todo dia. Diante desse cenário, foi definido como objetivo para este estudo: identificar e analisar, em escolas públicas de ensino fundamental e médio de Anápolis, quais são os usos que diretores, coordenadores, professores e estudantes fazem de seus celulares no ambiente escolar. As bases metodológicas da investigação deste trabalho seguem a abordagem qualitativa. Os procedimentos de coleta de dados incluíram a observação direta nas salas de aula, na entrada e saída, nos intervalos de recreio, em duas escolas municipais de ensino fundamental e duas estaduais de ensino médio, localizadas no município de Anápolis. Na próxima etapa serão realizadas entrevistas semi estruturadas com professores e gestores e grupo focal com alunos. A pesquisa leva em consideração os estudos teóricos de Lemos, Santaella, Nicolaci-da-Costa, Souza e Silva, Prensky, Moura, Caron e Caronia e Buckingham, entre outros. Deseja-se como resultado conhecer as razões que os sujeitos da escola apresentam para justificar o uso de seus celulares nessa instituição, contribuindo com as reflexões sobre usos intencionais dos dispositivos móveis em contexto escolar.