A PRESENÇA DA TELEVISÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: DA RECEPÇÃO À POSSIBILIDADE DO TRABALHO PEDAGÓGICO PARA AUTONOMIA
Resumo
A pesquisa qualitativa – A Presença da Televisão na Educação Infantil: da recepção ao trabalho pedagógico para a autonomia – tem por objetivo analisar o potencial educativo da televisão como ferramenta pedagógica para o aprendizado da criança. O estudo parte da identificação da programação televisiva selecionada pelos professores bem como da verificação das estratégias e usos das programações televisivas em sala de aula, os quais se apoiam sobre os dados coletados na pesquisa campo por meio de observações e entrevistas semi-estruturadas em um Centro Municipal de Educação Infantil de Uruaçu-GO. A relação recepção e autonomia é analisada a fim de entender a lógica dos usos de um meio comunicativo carregado de intenções controversas, e justamente contribuir para a emancipação do sujeito. Para a análise do conteúdo levar-se-á em consideração os aspectos sociais, da área da Psicologia histórico-cultural (Vygotsky), da História (Freitas), Comunicação (Belloni e Buckingham) ou Cultura (Martín-Barbero), entre outros. Os resultados que a pesquisa tem conseguido até o momento advém do caráter interdisciplinar destes campos teóricos somado com a contribuição das disciplinas cursadas e da orientação à pesquisa pelo programa de mestrado interdisciplinar da UEG. A pesquisa tem se desenvolvido junto aos professores de um Centro de Educação Infantil por meio da observação de suas aulas e das respostas a questionamentos em entrevistas buscando entender a lógica da programação televisiva selecionada e veiculada bem como a forma do trabalho pedagógico desenvolvido com estas programações. Foram observados, até o momento, o cotidiano de cinco turmas nos seus dois turnos (tempo integral), portanto, dez professores regentes e dez monitores já participaram da pesquisa. Dados foram coletados dos cadernos de planejamento desses profissionais e houve o registro da dinâmica de suas aulas. Quanto às crianças, a observação e a entrevista têm caminhado no sentido de dar voz a elas, captar suas preferências, seus gostos, em saber o que mais lhes chama a atenção e perceber os aprendizados advindos ou motivados pelas programações da TV a que tem acesso. Esta última etapa, ainda carece de um tempo maior de investigação. A pesquisa junto às crianças tem mostrado uma instabilidade quanto aos seus gostos e preferências. Tem-se percebido que a criança muda com muita freqüência de opinião e principalmente quanto à justificativa de suas preferências. Tem-se percebido também, uma disparidade entre o que a criança gosta de assistir e o que o professor seleciona como “pedagógico” ou “educativo” para que ela assista, no entanto, tem-se revelado que o gosto da criança tem controlado boa parte da audiência dentro do Centro de Educação Infantil e interferindo na seleção feita pelos docentes. A televisão tem se mostrado um recurso pedagógico muito utilizado e pode-se, até o momento, caracterizar dois tipos fundamentais de usos: como auxiliar que substitui um profissional por prender a atenção das crianças enquanto o professor e o monitor cuidam dos atendimentos individualizados e como ferramenta pedagógica ao ser utilizado intencionalmente como suporte ao ensino e aprendizado da criança.