Geopolítica brasileira no contexto do Golpe Militar (1964-1985)
uma análise das hidrelétricas como grandes empreendimentos geoestratégicos
Palavras-chave:
Geoestratégia, Ditadura Militar, Hidrelétrica, GeopolíticaResumo
O presente artigo tem como objetivo entender como as hidrelétricas de Itaipú, Tucuruí, Ilha Solteira e Jupiá podem ser classificadas como grandes empreendimentos geoestratégicos no período da ditadura militar (1964-1985). O artigo busca, especificamente, analisar de que maneira o território brasileiro foi pensado geoestrategicamente pelos militares durante o regime, bem como as implicações econômicas e sociais decorrentes desses grandes empreendimentos no contexto da ditadura. A ditadura militar no Brasil, sob o pretexto de restaurar a ordem e combater o comunismo, implementou uma série de políticas territoriais que priorizavam a exploração dos recursos naturais e a integração do território nacional. Esses projetos, vistos como empreendimentos geoestratégicos, tinham como objetivo não só o desenvolvimento econômico, mas também o fortalecimento da unidade nacional em um momento de instabilidade política e social. No entanto, essas ações levantam a questão de como o território brasileiro foi moldado pelas forças armadas e como os grandes empreendimentos hidrelétricos contribuíram para essa reconfiguração geopolítica. O referencial teórico utilizado neste artigo se baseia em estudos sobre a geopolítica nacional brasileira, com ênfase nas políticas territoriais implementadas durante o regime militar. Segundo Martins (2017), as forças armadas tiveram um papel central na modelagem do território brasileiro desde antes da independência, influenciando e projetando o espaço nacional por meio de empreendimentos estratégicos. A análise dos grandes projetos hidrelétricos construídos entre 1964 e 1985 também se apoia em autores que discutem a integração do território sob a ótica do desenvolvimento capitalista, como parte das estratégias de consolidação do poder pelo Estado. O estudo desses empreendimentos geoestratégicos permite entender não apenas as motivações políticas e econômicas do governo militar, mas também os impactos sociais e ambientais dessas intervenções, que reverberam até os dias atuais. Ao investigar as relações entre o golpe militar e os grandes projetos de infraestrutura, como as hidrelétricas, o estudo oferece uma visão crítica de como esses empreendimentos moldaram o território brasileiro. A partir dessa análise, é possível compreender as implicações econômicas, sociais e ambientais desses projetos, que continuam influenciando a geopolítica e a estrutura territorial do Brasil nos dias atuais.