“A ESCOLA FOI O LUGAR MAIS TÓXICO PARA MEU CORPO TRANSITAR”: AUTOETNOGRAFIA DE UM CORPO GORDO NA ESCOLA
Palavras-chave:
Corpo. Linguística Aplicada Crítica. Gordofobia. Educação Linguística Crítica. Decolonialidade.Resumo
A tomada de consciência que toda a repulsa, nojo, insatisfação e horror que eu tinha pelo meu corpo até meus 19/20 anos foi causado por um estigma construído sócio-culturalmente através do controle dos corpos, não foi apenas uma libertação de uma insatisfação pessoal, mas uma possibilidade de existência plena, uma outra forma de (re)existir. Sendo assim, este texto aborda a íntima relação entre linguagem e gordofobia presentes, muitas vezes, dentro da escola. Embora esse debate tenha ganhado força em variados contextos sociais, o corpo gordo ainda não é muito visto como possibilidade de problematização na Linguística Aplicada (SILVESTRE; RAMOS-SOARES; SABOTA, 2020). Por isso, compreendo a importância de cada vez mais estudos relacionados a pautas sociais de opressão a corpos presentes no escopo da LA por ser um amplo campo de estudo e com uma forma inter/trans/indisciplinar de se pensar em questões relacionadas à linguagem (MOITA LOPES, 2013). Assim, por meio da autoetnografia (ELIS; ADAMS; BOCHNER, 2011; ALEGRETE, 2012; ONO, 2018), utilizando uma narrativa biográfica registrada no prólogo do meu Trabalho de Conclusão de Curso da Graduação (RAMOS-SOARES, 2019), cruzada a outros episódios de violências gordofóbicas que sofri durante meu período escolar, que este estudo surge. Vislumbro com esse trabalho que possamos construir caminhos praxiológicos mais críticos em LA em nosso país, considerando a temática gordoativista como uma forma de contribuir para uma sociedade menos gordofóbica e mais inclusiva aos corpos dissidentes, sobretudo sobre a relevância social dos estudos dessa área para construir uma Educação Linguística de corpo.