A METAFICÇÃO HISTORIOGRÁFICA EM UANHENGA XITU E MÁRCIO SOUZA: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE LITERATURAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
Resumo
Este estudo propõe modos de pensar sobre as diferentes dimensões que o fato histórico adquire no âmbito da ficção na literatura angolana e brasileira, e o corpus de análise se pauta em Mestre Tamoda, de Uanhenga Xitu e Galvez, o imperador do Acre, de Márcio Souza. Isso porque nessas narrativas verossímeis, percebe-se um acontecimento histórico constitutivo do fazer literário. Ademais, demonstrar-se-á como essas construções literárias de diferentes sociedades, neste caso, africana e brasileira realizam por intermédio da literatura textos originais representantes de posicionamentos. Nesse sentido, o objetivo deste estudo será o de refletir sobre as relações paradoxais entre literatura e história, nas obras citadas, de forma a identificar como esses itens são inseridos na narrativa dos escritores, a ponto de se libertarem da imposição da história. Trata-se, portanto, de uma investigação de caráter bibliográfico, com ênfase na discussão sobre as relações entre literatura e realidade. Por este caminho, analisaremos os romances de Márcio Souza e Uanhenga Xitu, que refletem sobre o próprio processo de elaboração artística e, ao mesmo tempo, utilizam a história para contestar sua veracidade. Para a realização da pesquisa, a metodologia consiste na análise comparativa de obras literárias e historiográficas, artigos, revistas e outros materiais que dialogam sobre a temática. Observa-se, portanto, a metaficção historiográfica à luz dos estudos de Linda Hutcheon (1991) e estudiosos como Zênia de Faria (2012) e Maria Tereza de Freitas (1986). Além disso, tratamos da Literatura Comparada por meio de Coutinho (2006).