APAGAMENTO NEGRO E RESISTÊNCIA EM ALLAH N’EST PAS OBLIGÉ

Autores

  • Olaci da Costa Carvalho Universidade Federal do Amapá

Palavras-chave:

Apagamento negro. Resistência. Sátira. Allah n’est obligé.

Resumo

Transcorridos alguns anos do fim do processo de colonização indagamo-nos: as minorias sociais, em especial o negro, realmente adquiriram o status que é concedido ao homem branco? Este trabalho visa abordar essa questão tendo como recorte o discurso de Birahima personagem-testemunha na obra Allah n’est obligé, 2000, do escritor marfinense Ahmadou Kourouma. Busca-se evidenciar como ocorre o silenciamento negro através do espelhamento na figura do homem branco ocidental e, como Kourouma, mesclando a língua do colonizador (no caso, a língua francesa) e sua língua nativa, o malinké, pelo uso da sátira, mostra-nos, brilhantemente, como se fazer resistência a situações de imposições racistas muito próximas àquelas experimentadas no colonialismo, embora vivamos hoje no chamado período pós-colonial. Sob este aspecto, dentre outros, utilizaremos os conceitos de Fanon (2008) e Memmi (2007), bem como, autores que discutem a obra em análise, como Nascimento (2006), Ndiaye (2010), Adhikari (2015). Recorremos, ainda, aos conceitos de literatura de resistência de Bosi (1996) e à discussão de sátira em romances africanos de Asaah (2005).

Referências

ADHIKARI Foara Das Gupta. Quando prolixidade é arte: entendendo os romances francófonos africanos de Ahmadou Kourouma. Bakthiniana. Revista de estudo do discurso. V. 10, N. 1. São Paulo, 2015. Disponível em https://revistas.pucsp.br/index.php/bakhtiniana/issue/view/1386. Acesso em 10/10/2017.
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NDIAYE, Christiane. La mémoire discursive dans Allah n’est pas obligé ou la poétique de l’explication du « blablabla » de Birahima. Études françaises. V. 42, N. 3: 77–96. Les Presses de l’Université de Montréal, 2006.

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Publicado

2021-05-29