“DEITADO FORA DO ÂNGULO”

A POÉTICA, O SUJEITO E A PAISAGEM EM “NA VERTIGEM DO DIA”, DE FERREIRA GULLAR

Autores

  • Danielle Castro da Silva Universidade Federal do Maranhão
  • Márcia Manir Miguel Feitosa Universidade Federal do Maranhão

Palavras-chave:

Poética, Geograficidade, Identidade, Ferreira Gullar., Na vertigem do dia.

Resumo

Este artigo busca discutir de que maneira, na obra Na vertigem do dia, de Ferreira Gullar, o fazer poético pode manifestar a experiência do escritor relacionada à sua identidade como ser-no-mundo, a partir das leituras das paisagens literárias expressas em sua poética. Para tanto, busca-se o aporte teórico da teoria da literatura, mais especificamente a partir da Fenomenologia, da Geografia Humanista Cultural (a partir das categorias relativas à espacialidade, tais como espaço, lugar, lugar-sem-lugaridade, topofilia e topofobia), e dos estudos de Identidade. Objetiva-se compreender mais a fundo os elementos autor-obra-leitor-mundo. A poética gullariana, a partir da obra Na Vertigem do Dia, apresenta um Gullar de poética mais madura, embora sem perder sua caraterística experimental, advindo de uma bagagem histórica pós-exílio, o que dá ao leitor uma vívida ideia de como sua identidade no espaço é híbrida e marcada por fissuras e reconstruções. De modo específico, intenta compreender, a partir da concepção da crítica literária e da Geografia Humanista Cultural, estruturadas na Fenomenologia, quais relações entre lugar e identidade se fazem presentes na poética gullariana, em Na vertigem do dia, verificando de que modo a poética de Ferreira Gullar manifesta seus sentidos de lugar e pertencimento, considerando o desalojamento desse sujeito a partir da sua experiência de pós-exilado.

Biografia do Autor

  • Danielle Castro da Silva, Universidade Federal do Maranhão

    Mestranda em Letras (Estudos Teóricos e Críticos da Literatura) pelo Programa de Pós-Graduação em Letras (PGLETRAS) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Docente de Língua Portuguesa da SEDUC/MA e da SEMED/São Luís.

  • Márcia Manir Miguel Feitosa, Universidade Federal do Maranhão

    Pós-doutora em Estudos Comparatistas na Universidade de Lisboa. Doutora em Letras (Língua Portuguesa) pela Universidade de São Paulo (USP). Professora Titular do Departamento de Letras da Universidade Federal do Maranhão

Referências

AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo e outros ensaios. Trad. Vinícius Nicastro Honesko. Chapecó, SC: Argos, 2009.

CÂNDIDO, Antônio. Literatura e Sociedade: Estudos de Teoria e História Literária. Rio de Janeiro: Ouro sobre o Azul, 2010.

COLLOT, Michel. Poética e filosofia da paisagem. Rio de Janeiro: Editora Oficina Raquel, 2013.

DARDEL, Eric. O homem e a terra: natureza da realidade geográfica. Trad. Werther Holzer. São Paulo: Perspectiva, 2015.

GULLAR, Ferreira. Cadernos de Literatura Brasileira. Instituto Moreira Sales, n.6, p. 43, set, 1998. Disponível em: https://issuu.com/ims_instituto_moreira_salles/docs/clb_-_ferreira_gullar. Acesso em: 10. jan. 2023.

_____.Na vertigem do dia. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013.

_____. Rabo de Foguete: os anos de exilio. Rio de Janeiro: Revan, 1998.

_____. Resmungos. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2006.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990.

HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. Parte I. Petrópolis: Vozes, 2005.

HOLZER, Werther. O conceito de lugar na Geografia Cultural Humanista: uma contribuição para a geografia contemporânea. In: GEOgraphia, 5(10). 2009. Disponível em: https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2003.v5i10.a13458. Acesso em: 19.dez.2022.

NORA, Pierre. Entre memória e história. A problemática dos lugares. In: Projeto História 10. História e Cultura. v. 10. jul./dez. 1993. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/view/12101 . Acesso em: 15. dez. 2022.

PAIVA, Marcélia Guimarães. O poema como morada: exílio em Ferreira Gullar. Belo Horizonte: Tese (Doutorado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Letras. 2017. Disponível em: http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/Letras_PaivaMG_1.pdf . Acesso em: 28. set. 2022.

POLLAK, Michael. Memória e identidade social. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v. 5, n. 10, 1992. p. 200-212. Disponível em: http://www.pgedf.ufpr.br/memoria%20e%20identidadesocial%20A%20capraro%202.pdf . Acesso em: 15. jun. 2022.

RELPH, Edward. Reflexões sobre a emergência, aspectos e essência de
lugar. In: MARÂNDOLA JR., Eduardo; HOLZER, Werther; OLIVEIRA, Lívia de
(org.). Qual o espaço do lugar? Geografia, epistemologia, fenomenologia.
São Paulo: Perspectiva, 2014.

RICŒUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2007.

_____. A metáfora viva. São Paulo: Loyola, 2000.

_____. Tempo e Narrativa. Tomo I. Campinas, SP: Papirus, 1994.

_____. O si-mesmo como um outro. Trad.: Lucy Moreira Cesar. Campinas, SP: Papirus, 1991.

SANFELICE, Vinicius Oliveira. Metáfora e imaginação poética em Paul Ricoeur. Santa Maria, RS: Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Maria, Programa de Pós-Graduação em Filosofia, 2014. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/9129/SANFELICE%2C%20VINICIUS%20OLIVEIRA.pdf?sequence=1&isAllowed=y . Acesso em: 15. dez. 2022.

SARLO, Beatriz. Paisagens imaginárias: intelectuais, arte e meios de comunicação. Trad. Mirian Serra. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2016.

SCHOLLHAMMER, Karl Erik. Ficção brasileira contemporânea. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009. p. 9-19.

TUAN, Yi-Fu. Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. Londrina: Eduel, 2013.

_____. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. Londrina: Eduel, 2012.

VOLPE, Miriam Lídia. Geografias de exílio: Mario Benedetti, um intelectual latino-americano. In: Em Tese, Belo Horizonte, v. 27, n. 3, 2003. Disponível em: http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/emtese/article/view/3566. Acesso em: 20. dez. 2022.

Downloads

Publicado

2023-09-30

Edição

Seção

Trabalho completo