NOSTALGIAS LINGUÍSTICAS
COSTUMES, FOLCLORE E OUTRAS COISAS CERRADEIRAS EM TROPAS E BOIADAS
Palavras-chave:
Prisma intercultural, Léxico, Tropas e BoiadasResumo
Em Tropas e Boiadas, de Hugo de Carvalho Ramos, há, em inúmeras descrições feitas nos quinze contos que compõem a obra, a referência a costumes e a tradições goianas para contextualizar a história narrada em cada conto. São brincadeiras, crendices, superstições, todas muito específicas da época goiana em que decorrem os destinos dos tropeiros no caminho viajante de “leva e traz” mercadorias para Goiás. Assim, constitui-se o objetivo deste estudo, isto é, identificar esses dados e explicá-los de acordo com a teoria lexical que entende tais descrições como as bases culturais de Goiás, já presentes na literatura de Ramos (1992). O cenário é o então (início do século XX) sertão, hoje considerado bioma Cerrado, daí o “gentílico cerradeiro”. A metodologia consiste de levantamento bibliográfico, e estudo de documentos tais como mapas e relatos (escritos) de antigos moradores. Os dados compilados são descritos de acordo com Lakoff (1987), Biderman (2001), Martins (2011), para citar alguns. Foram escolhidos três contos do livro: Nostalgias (sobre costume de escrever nomes de enamorados em árvores, como registro do amor), Mágoa de Vaqueiro (a viola e a canção do sertanejo de então) e O Saci (personagem folclórico procura sua cabaça de mandinga). A perspectiva epistemológica se direciona à literatura, como pano de fundo para análises linguísticas (léxico), para reconhecimento de elementos culturais, crendices que são aceitas até hoje ou que já desapareceram da memória dos goianos do século XIX, mas que se circunscrevem em primas interculturais de Goiás.
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