DE ESTADISTA “BEM-VINDO” A PERSONA NON GRATA POR ISRAEL

AVALIAÇÕES SOBRE LULA EM ARTIGOS DE OPINIÃO

Autores

  • Maria Clara Gonçalves Ramos Universidade Federal de Santa Maria
  • Sara Regina Scotta Cabral Universidade Federal de Santa Maria

Palavras-chave:

Gramática Sistêmico-Funcional, Sistema de Avaliatividade, Conflito israelo-palestino, Lula, Holocausto, Artigo de opinião

Resumo

Diplomacias entre nações independentes se fundamentam em uma arena político-ideológica de (des)semelhanças, visto que, herança sobretudo da Revolução Francesa, a estrutura societal protagoniza um enredo partidarista antagônico: esquerda e direita. Por essa via, este estudo é guiado pela seguinte pergunta de pesquisa: como escolhas léxico-gramaticais revelam marcas avaliativas de articulistas em artigos de opinião? Assim, objetivamos descrever, discutir e analisar como, pelas escolhas léxico-gramaticais, articulistas se posicionam e engajam explícita ou implicitamente com eventos político-partidários. Metodologicamente, por uma pesquisa qualitativo-interpretativista, valemo-nos de 2 artigos de opinião (2024) dos jornais O Antagonista e Veja, com foco temático na aparente comparação feita por Lula ao associar o conflito na Faixa de Gaza (2024) ao Holocausto judaico, fruto do regime nazista de Adolf Hitler. No quadro teórico-metodológico, filiamo-nos à Linguística Sistêmico-Funcional, entrecortada pela Gramática Sistêmico-Funcional (Halliday; Matthiessen, 2014 [2004]), com ênfase nas influências socioculturais, pelos contextos de cultura e situação. Soma-se a isso o Sistema de Avaliatividade (Martin; White, 2005; Vian Jr, 2010), sobrelevando o subsistema Engajamento, segundo o qual, sociossemioticamente, estabelecemos negociações interpessoais multipropositivas em relação a outras vozes. Justifica-se este trabalho pelas possibilidades interpretativas oportunizadas pela língua(gem) em uso, às quais articulistas, cientes da maleabilidade linguística e do público com o qual tende a interagir, recorrem. Ao cotejarmos o corpus selecionado, (re)conhecemos marcas avaliativas assimétricas entre os articulistas, dado que indica como, por representações simbólicas subjacentes ao sistema léxico-gramatical, o funcionamento de intenções comunicativas tem íntima relação com a formação sociocultural do falante.

Biografia do Autor

  • Maria Clara Gonçalves Ramos, Universidade Federal de Santa Maria

    Mestranda em Estudos Linguísticos, na linha de pesquisa Linguagem no Contexto Social, pela Universidade Federal de Santa Maria/RS, bolsista pela CNPq, especialista em Linguística, pela Universidade de Uberaba/MG (2023-2024) e graduada em Letras Português, pela Universidade Estadual de Montes Claros/MG (2019-2023). Pesquisa o viés da língua (gem) na concretude, subsidiado pela Semiótica Social e Linguística Sistêmico-Funcional, com ênfase na Gramática Sistêmico-Funcional, Gramática do Design Visual e Análise de Discurso Crítica.

  • Sara Regina Scotta Cabral, Universidade Federal de Santa Maria

    Possui Mestrado (2002) e Doutorado em Letras (2007) pela Universidade Federal de Santa Maria. Realizou pós-doutoramento na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sob a supervisão da Profa. Dra. Leita Barbara, abordando os processos verbais no discurso jornalístico. É líder do Grupo do CNPq SAL (Sistêmica, Ambientes e Linguagens) e faz parte da linha de pesquisa Linguagem no Contexto Social no Programa de Pós-Graduação em Letras na Universidade Federal de Santa Maria. Atualmente é Professor Associado IV na UFSM, onde atua em cursos de graduação e de pós-graduação. Suas pesquisas envolvem Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem com foco em língua portuguesa na perspectiva da Linguística Sistêmico-Funcional

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Publicado

2025-03-12