O INVERNOSO DECLÍNIO DA EXISTÊNCIA EM GASTÃO CRUZ
Palavras-chave:
Poesia, Filosofia, Inverno, Existência, MorteResumo
O presente artigo investiga a concepção do inverno como um mecanismo de meditação lírica em Existência, de Gastão Cruz. Considerando que os caminhos da construção poética do autor se apresentam sutilmente, teve-se um recorte estabelecido por intermédio de uma identificação temática. Nesse sentido, a análise parte da hipótese de que as estações do ano, liricamente trabalhadas, simbolizam os estágios da vida. Logo, a passagem do tempo é retratada desde a plenitude da infância até o esplendor da idade adulta, transitando pelo outono da velhice e culminando no inverno da morte. Este último, em particular, sendo a estação que metaforiza o término da existência. Assim, objetivou-se identificar reflexões que excedem a historicidade do ser, através do simbolismo da estação invernal. Para isso, uma abordagem interdisciplinar, combinando a análise literária com a intersecção entre Filosofia e Poesia, conforme María Zambrano e conceitos existencialistas de Martin Heidegger, se fez essencial. A metodologia adotada, centrada na pesquisa bibliográfica, forneceu uma base sólida para a análise. Por fim, constatou-se que, embora a imagem lírica do inverno não apareça de forma explícita, está associada à sensação de finitude e à taciturnidade que permeiam as reflexões do eu-lírico.
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