A GEOPOESIA CENTROESTINA NO CORDEL, O CANDANGO NA FUNDAÇÃO DE BRASÍLIA, DE SEBASTIÃO VARELA
Palavras-chave:
Geopoesia, Cordel centroestino, Cultura popular, Candango, BrasíliaResumo
A Literatura de cordel evoca a questão da oralidade, da interculturalidade, do verso de métrica pensada, rimada e por vezes os modos de fazer esmiuçados na técnica da xilogravura. O cordel contemporâneo, possui origem europeia, chegando no Brasil por meio das diásporas dos colonizadores, que disseminaram as chamadas “folhas volantes”(Diegues Junior, 1973). Lugar de experiência de realidades individuais e coletivas, a Literatura de cordel movimenta a escrita em sua pluralidade de vozes e estilos, modos de versificar e de publicar. Nos campos da geopoesia, trata-se de matéria “invisível – num mapa para-além dos mapas topográficos” (Silva Junior, 2021), pois expressa as mazelas sociais com astúcia, proeza, sagacidade e pitadas do pitoresco para cair no gosto popular. Dessa forma, para repensarmos a expressão do simpósio, “Língua, literatura e ensino: prismas interculturais” destrinchamos os versos no objeto dessa comunicação, o livro O candango na fundação de Brasília do escritor paraibano radicado em Brasília, Sebastião Varela, que dialogam com a geopoesia. Encontramos nos versos do poema de Varela (1981) a geopoesia da beleza e da sagacidade nas palavras da descrição subversiva da cultura popular e o risco subvertedor do discurso da feira, da palavra que circula em livro (para alguns: em corda). O objetivo desse trabalho é pensar o cordel centroestino do ponto de vista da geopoesia. Esta proposta de comunicação tenciona e tensiona analisar e debater as situações narradas por Sebastião Varela em meio a paisagem encontrada nos canteiros de obra da futura capital federal, no céu azul, na poeira que iguala as pessoas, na chuva que cai de noitinha, no alimento que une e distingue os homens.
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