ANDAR A PÉ NA CIDADE

MODOS DE SUBJETIVAÇÃO NO ESPAÇO URBANO

Resumo

Proponho uma reflexão sobre os modos de subjetivação, no/pelo espaço citadino, considerando um recorte específico da relação do sujeito em sua ocupação simbólica na trama da cidade – o caminhar. Parto do pressuposto de que as relações significantes se reconfiguram à medida que o sujeito se movimenta, se decide, (se) escapa, (se) expõe/exibe, distinta/indistintamente, pela forma que (se) compõe/(se) desintegra do/o texto da cidade. Dessa forma, interrogo pelos sentidos que derivam do gesto de andar a pé, compreendido igualmente como interpretação, no entrelace de diversas discursividades que atravessam esses modos de comparecer nos espaços que o urbano (des)organiza: nas faixas, nas calçadas, no meio das ruas, nas margens destas, entre automóveis, imóveis, edifícios, centros comerciais etc. Para isso, fundamento esta pesquisa nos estudos da Análise de Discurso, especificamente à esteira dos trabalhos de Orlandi (1997, 2001, 2004). Assim, coloco em análise imagens que flagram a composição da textualidade do urbano na medida mesma em que o sujeito se arregimenta/é arregimentado em diferentes posições, isto é, lugares de dizer/não dizer quando se movimenta a pé nos/pelos contornos que a cidade e suas nuances impõem. Desnaturalizo, assim, esse gesto de contato com o chão do lócus citadino como uma relação evidente de deslocamento – fora da curva dos sentidos –, do ir e vir, de movimento linearizado, sistêmico e habitual, buscando dar visibilidade às relações e forças ideológicas que o andar a pé faz circular nos locais que o urbano enseja.