Retomando narrativas pataxó:
a circulação das awãkã’p pela memória dos anciãos
Palavras-chave:
Retomada;, Pataxó;, resistência.Resumo
O presente texto é resultado de uma pesquisa em andamento que tem como escopo um estudo das formas de resistência e saberes construídos pelos Pataxó em seus escritos, sobretudo, com enfoque nos autoras/es pataxoop (autodenominação dos Pataxó) que escreveram a partir de suas áreas de retomada. Retomada conota aqui tanto re-tomar porções de terra que passaram pelo esbulho do Estado, quanto a retomada dos parentes, das histórias,
do Patxôhã (língua de guerreiro) e a entrada de estudantes txihi (indígenas pataxó) nas universidades (BOMFIM, 2012; LOPES, 2017; BRAZ, 2019; PATAXOOP; PATAXOOP, 2020). Nesse trabalho, em específico, vamos abordar o movimento de retomada através das narrativas. Os Pataxó dizem que os massacres e as violências sofridas pelos makiami (velhos anciãos e anciãs pataxó) ao longo de sua história adormeceu alguns saberes e narrativas na memória deles/as. A retomada aparece como o movimento inverso, quando esses saberes adormecidos e silenciados pela truculência dos ĩdxihy (não indígenas) são despertados em
viagens xamânicas de rezadores/as e pajés, através das caminhadas dos tapurumã (jovens) em diferentes territórios e por meio da espiritualidade das jokanas (mulheres) encabocladas que recebem mensagens em transe dos espíritos da mata e da água.