EFEITO DA ALTURA DE KIELMEYERA CORIACEA (PAU SANTO) NA PRODUÇÃO DE NOVAS FOLHAS EM ÁREA AFETADA PELO FOGO NO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DE CALDAS – GO: UM OLHAR BIOGEOGRÁFICO
Palavras-chave:
Caldas Novas, Cerrado, QueimadaResumo
Introdução
O fogo no Cerrado ocorre de forma superficial, consumindo principalmente o extrato herbáceo que apresenta condições favoráveis para queimadas e maior propagação. Após o fogo, a área atingida apresenta menor densidade de vegetação, com redução da abundância e riqueza de espécies. Com o passar do tempo à vegetação tende a se tornar mais fechada, reconstruindo as estruturas vegetativas das plantas remanescentes e recrutando novos indivíduos (MIRANDA et. al., 2004). A adaptação da vegetação ao fogo está relacionada a vários fatores como o tipo de queimada, o regime de queima (frequência e época do ano) e também ao comportamento do fogo (velocidade de propagação, tempo de permanência, intensidade da frente de fogo e temperaturas do ar e do solo). Partindo do pressuposto que plantas maiores possuem melhores condições de reconstrução de suas estruturas foliares que plantas pequenas, após o evento do fogo, o objetivo desse trabalho foi verificar se as plantas mais altas possuem maior quantidade de folhas que plantas menores, indicando que a primeira possui maior resiliência que a última.
Revisão Bibliográfica
Estresses ambientais como mudanças na pluviosidade, temperatura e fogo, podem induzir uma resposta da planta. Dependendo da intensidade do fogo, de forma geral, a vegetação investe em biomassa, como rebrota e estruturas foliares, já que pode tê-las perdido parcial ou totalmente (MIRANDA et. al., 2004). A baixa exigência nutricional da vegetação do Cerrado, resistência à acidez do solo e presença de súber mais espesso conferem maior resiliência a situações de grande estresse. A ocorrência de queimadas no fim da estação seca possibilita que as espécies de plantas se regenerem mais facilmente, devido a mudanças de pluviosidade na transição dessas estações (MIRANDA et. al, 2004). A altura da planta pode influenciar sua taxa de mortalidade após a passagem do fogo. Dessa forma, as plantas mais baixas possuem maior índice de mortalidade que as plantas mais altas em uma área de reincidência de queimada em um curto período de tempo (MIRANDA et. al, 2004). Assim, as plantas mais altas têm maiores condições de regeneração, caso o fogo não atinja uma altura crítica, pois possibilita que tais plantas escapem do efeito direto das chamas (MIRANDA et. al, 2004).
Material e Métodos
O estudo foi realizado em uma área de Cerrado com recente queimada no Parque Estadual da Serra de Caldas Novas. A planta modelo considerada nesse estudo foi a Kielmeyera coriácea (pau santo), pertencente à família Clusiaceae (DURIGAN et al., 2004), por ser bastante abundante na área. Os dados foram coletados no dia 06 de outubro de 2011, em áreas que sofreram ação do fogo recentemente (3 semanas) e em áreas que sofreram esta ação há 3 anos (área controle). A coleta teve uma tendência em seguir um transecto perpendicular à estrada que separa a área de fogo recente e a área controle, onde foram amostradas 30 plantas selecionadas a esmo, obtendo dados de número de folhas, número de ramos e medindo a altura da planta. Foi feito uma análise de covariância para as três variáveis, sendo a variável resposta a densidade foliar e as duas variáveis preditoras, a altura da planta e os dois tratamentos (controle e fogo recente).
Conclusão
Concluímos que a altura de Kielmeyera coriácea (pau santo) não explica padrões de variação entre densidade das folhas, tanto em áreas de queimada quanto não queimada. A altura parece não ser uma boa métrica para analisar variáveis como produção de folhas e frutos, sendo que talvez, o diâmetro seja um parâmetro melhor.
Referências
MIRANDA, H. S et al. Queimadas de Cerrado: caracterização e impactos. In: Aguiar, L. M. S.; Camargo, A. J. A. (ed.). Cerrado: ecologia e caracterização. Brasília: Embrapa Informação e Tecnologia, 2004.
DURIGAN, G. et al. Plantas do Cerrado Paulista: imagens de uma paisagem ameaçada. São Paulo: Páginas & Letras, 2004.