QUE GATO COMEU SUA LÍNGUA:
reflexões sobre a condição de subalternidade
Resumo
Em tempos de implementação das propostas da norma da educação básica brasileira, a Base Nacional Comum Curricular/2017 (a Base), e não menos importante, tempos de definição do novo modelo do Ensino Médio, minha pergunta-provocação “Que gato comeu sua língua?” lança reflexões sobre como certas práticas em sala de aula de língua inglesa (LI)/línguas estrangeiras (LE), promovidas por um certo grupo de docentes com certos tipos de agência, servem para situar determinados grupos de estudantes em posição subalterna marcada por silenciamento e apagamento. Assim, com foco no desenvolvimento das competências contempladas na Base, busco discutir algumas noções, apresentadas no curso online oferecido pelo MEC na plataforma AVAMEC, para o ensino de língua inglesa (LI) nos anos finais do ensino fundamental. O aporte teórico dessa discussão abarca os conceitos de subalternidade e agência tratados em Monteiro (2021), com destaque às análises críticas de Spivak (2010) e Andreotti (2007, 2014), somadas às de Monte Mór (2013a) sobre a relevância dos estudos e problematizações das políticas linguísticas brasileiras na formação docente de LI/LE. Visando um projeto educacional responsável, igualitário e justo, também me apoio na perspectiva crítica de bell hooks (2021), a qual argumenta que não há justiça sem amor. Defendo, portanto, a ideia de que as subalternidades surgem onde não há amor. A meu ver, esse projeto requer práticas amorosas em sala de aula com abordagens não hierarquizantes, buscando popular o espaço de sala de aula com os contextos e anseios estudantis. Isso demanda leituras críticas de nós mesmos (cf. Menezes de Souza, 2011), considerando nossas implicações na continuidade da lógica colonial que hoje permeia o universo digital, com intervenções na coleta de dados, no desenvolvimento e na aprendizagem da inteligência artificial.
Palavras-chave: Base Nacional Comum Curricular. Língua inglesa nos anos finais do ensino fundamental. Subalternidade. Agência. Práticas amorosas.
