“NOW I SEE HER AS A GODDESS”:
corpovivências de estudantes de um Instituto Federal do Oeste do Pará nas aulas de inglês sobre bell hooks
Resumo
Ao longo do primeiro semestre do ano letivo de 2023, articulei com as turmas de segunda série dos cursos técnicos de Agroecologia e de Meio Ambiente Integrados ao Ensino Médio de um Instituto Federal localizado no Oeste do Pará para que mantivessem diários reflexivos sobre as aulas de inglês como parte do processo avaliativo da disciplina de Língua Inglesa II. Neste texto, discuto de que maneiras as corpovivências compartilhadas pelas alunas em seus diários sobre as aulas de língua inglesa em que aprendemos com a vida e obra de bell hooks apontam para horizontes decoloniais. Com vistas a lançar olhares outros para o que coconstruímos nessas aulas, busco respaldo em discussões praxiológicas realizadas por autoras/es inseridas/os na seara do pensamento decolonial (Ballestrin, 2013; Menezes de Souza; Martinez; Diniz de Figueiredo, 2019; Núñez; Oliveira; Lago, 2021; Quijano 2005), bem como no conceito de corpovivências, o qual defendi em minha tese de doutorado (Almeida, 2023). Ao que tenho percebido nas aulas e com base nos relatos das/os estudantes em suas notas reflexivas, as quais já foram lidas, comentadas e devolvidas por mim no final do primeiro semestre, a escrita dos diários tem contribuído para a ampliação de seus repertórios em língua inglesa e, principalmente, auxiliado na percepção de que a(s) língua(gen)s não servem apenas para propósitos comunicativos, mas possuem vieses políticos, sociais, culturais, hierarquizantes, excludentes e, sobretudo, responsáveis pela racialização e exclusão de determinados corpos (negros, indígenas, homossexuais, gordos etc.) em contexto colonial. Por outro lado, como uma das alunas esperança (do verbo esperançar) em seus escritos e que compartilho aqui, “agora que sabemos disso, é possível transformá-la”.