OBSERVAÇÕES SULEADAS SOBRE RACIALIZAÇÃO E LINGUAGEM NA EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA EM ESPANHOL
Resumo
Partindo do pressuposto de que a língua e a linguagem permitem reflexões sobre os sujeitos que as utilizam e sobre as culturas nas quais estão inseridas, o objetivo deste artigo é analisar como os itens de língua espanhola do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) colaboram para discutir as relações étnico-raciais, com foco na afrodescendência no mundo hispânico, no âmbito da educação linguística em espanhol. A escolha do material de análise considerou que o exame tem por objetivo avaliar a qualidade da educação a nível médio e, portanto, assim como o currículo da educação básica, deve contemplar os temas transversais em suas provas, o que abrange as relações étnico-raciais. Esse processo de retroalimentação, pode influenciar na percepção sobre linguagem e racialização, tanto para quem realiza a prova, quanto na sua utilização como material didático no ensino médio. A análise apontou que na maioria dos casos, a racialização é apresentada superficialmente e encoberta pela discussão de outros temas presentes nos textos base, além de trazer uma visão eurocentrada das relações étnico-raciais. Ainda assim, a partir da atuação docente, os itens permitem reflexões suleadas (SILVA JUNIOR; MATOS, 2019) que descentrem as hegemonias ocidentais valorizando a afrodescendência no mundo hispânico, na sua diversidade. A pesquisa é qualitativa, descritivo-interpretativista e de técnica documental. Fundamentamos a interpretação dos dados no campo teórico da Linguística Aplicada (ORLANDO; FERREIRA, 2014; MELO, 2015; MATOS, 2020) nos estudos decoloniais (CASTRO-GÓMEZ, 2007;); nos documentos oficiais sobre as relações étnico-raciais no ensino (BRASIL, 2004); e nas diretrizes do ENEM (BRASIL, 2013).