Letramento crítico em espaços outros
uma proposta de aula numa escola privada
Resumo
No exercício docente, sobretudo nas instituições privadas, com frequência há a cobrança por neutralidade, segundo essa crença o/a professor/a necessita ser neutro/a, apagando suas ideologias e identidades, caso contrário ele/a tende a promover a doutrinação ideológica (GEMELLI, 2020; PARDO, 2019). No caso do ensino de línguas, sob essa crença, o/a professor/a deve concentrar-se numa perspectiva estruturalista, na qual o ensino da língua é focado em suas estruturas, evitando a reflexão (crítica) sobre as realidades do/as aluno/as por intermédio da língua alvo, numa aproximação com o entendimento de língua como prática social discursiva e o letramento crítico (MONTE MÓR, 2013; MATTOS; VALÉRIO, 2010). Considerando o apresentado, este trabalho possui como objetivo refletir sobre uma aula materializada no contexto de uma escola privada de língua inglesa que trouxe o letramento crítico como proposta. Em termos metodológicos, trata-se de um relato de experiência, que teve como objetos para coleta de dados o diário de campo do pesquisador-autor deste trabalho e o plano da aula em questão. A partir da reflexão realizada ao fim da descrição e análise da aula, foi possível notar o estranhamento e a resistência do aluno quanto à proposta de atividades embasadas no letramento crítico levadas para ele, contudo, no decorrer da aula, ele considerou o assunto como alusivo à sua realidade, passando a (re)pensar sobre o que era a ele perguntado ou pedido. Dado o exposto, constatou-se que o letramento crítico oportuniza um deslocamento na concepção que o/a aluno/a tem do papel que o/a professor/a tem de desempenhar, além de favorecer um (re)conhecimento da sua realidade através do processo de ensino-aprendizagem da língua, neste caso, a língua inglesa.
