Aplicação de metodologias sociointeracionistas no ensino de língua materna em séries do Eensino Fundamental
Palavras-chave:
Metodologias de ensino. Sociointeracionismo. Ensino de Língua MaternaResumo
Com base nas práticas do Estágio Supervisionado em Língua Portuguesa realizado do ano de 2014, algumas práticas provenientes da aplicação de métodos apoiados na teoria do sociointeracionismo puderam ser realizadas. Sabemos que é recorrente a discussão acerca da metodologia mais apropriada, que melhor ofereça suporte pedagógico ao ensino de Língua Portuguesa. Na tentativa de conciliar objeto de ensino e procedimentos utilizados para viabilizá-lo, é necessário, antes de tudo, entender os aspectos de cada um desses elementos. Como o objeto aqui é a linguagem, uso como referenciais o conceito dialógico de Bakhtin e a definição de Koch, que trata da língua como produto de relações recíprocas entre ouvinte e falante. São considerados também, como luzes nos critérios avaliativos, os estudos de Possenti e Travaglia acerca do ensino de gramática nas escolas. Esses dois últimos entendem a educação linguística não como manual gramaticista, mas como uma mediadora entre as relações socioculturais vinculadas à língua. E há, ainda, a teoria vygotskyana sociointeracionista que para o autor, a linguagem é tanto ferramenta construída socialmente como uma função desse meio, porque tanto a sua aquisição quanto a sua evolução impactam a sociedade e seus sujeitos, transformando-os, construindo-os. Ao analisar essas concepções é possível traçar uma congeneridade de pensamentos que se interconectam com certa reciprocidade ideológica. Portanto, nos parece lógica e coerente a abordagem do ensino de língua materna dentro de práticas sociointeracionistas. Durante meu estágio, portanto, procurei trazer para a sala de aula práticas que deslocassem o conhecimento da minha figura como professora, e permitissem a intervenção dos estudantes como parte do processo de construção dos saberes. Algumas dessas práticas se deram por meio de exposições feitas na forma de diálogo, sempre buscando evitar o tom de prescrição, buscando sempre despertar a dúvida e, subsequentemente, a discussão. Todas as contribuições eram levadas em conta, pois entendia as enunciações ? negativas e positivas ? de cada aluno como ações situadas num contexto de importância para o desenvolvimento linguístico, expressivo e cognitivo da classe como um todo. Também optei por uma estratégia avaliativa que proporcionou os alunos a interagirem e a socializarem os seus textos entre si. Assim aprenderam a elaborar um comentário crítico e/ou apreciativo sobre o trabalho do outro, bem como também desenvolveram o hábito de lidar com essas críticas e a utilizarem-nas como ferramentas de incentivo para melhorarem a qualidade de seus textos. Enfim, esses textos passam, no segundo momento, pela minha avaliação, levando em conta tanto a produção textual em si quanto a pertinência dos comentários. Fazendo um paralelo com o início da regência até o seu final, a qualidade textual, tanto em termos de coerência quanto de coesão, alavancaram significativamente. Considero esse efeito proveniente do diálogo e interação constantes, pois procurei não reduzir os alunos a meros depósitos de conteúdos, mas a vê-los como sujeitos com capacidades em potencial de serem desenvolvidas. Senti que o uso da linguagem foi além dos manuais e manifestou-se em enunciados concretos, permitindo que os alunos compreendessem melhor a noção de língua como suporte de suas ações em sociedade.