ENTRE A PRISÃO DO CORPO E A LIBERDADE DA ALMA: a configuração do discurso imaginário presentes nas correspondências e diários de reeducandos
Resumo
Todos os homens que vivem em sociedade estão sujeitos à transgressão de normas e condutas estabelecidas e, consequentemente,a serem punidos pela ação do Estado. Michel Foucault, em seu livro Vigiar e Punir (1975) fez uma arqueologia da prisão na modernidade, mostrando como do suplício em praça pública, os transgressores foram, paulatinamente, encarcerados. A modernidade cria a prisão do corpo, que exclui o sujeito da vida social, mais que isso, expurga da ordem do discurso à fala dos prisioneiros. A proposta de nossa investigação busca não dar voz aos presos já que eles não são mudos, apenas dar-lhes ouvidos, uma vez que a sociedade não o faz. Nessaperspectiva analisaremos cartas de reeducandos e verificaremos os vínculos entre a representação imaginária; como esse detendo entende sua conduta, seus valores, seus vínculos sociais e o que a sociedade espera do mesmo, cujo teor, em princípio, reproduz justamente o opostoque se espera de um marginalizado. Enfocaremos as representações que correspondem ao que a sociedade considera como normas de pensamentos e condutas no que diz respeito às instituições, como: família, religião, educação. Nesse sentido, observamos que o discurso é formado e reforçado pelas forças imaginárias decorrentes dos valores básicos da vida social.