A AGRICULTURA ENTRE OS KARAJÁ DE ARUANÃ

Resumo

A agricultura e a pecuária são atividades desenvolvidas a milhares de anos. Há mais de 10 mil anos o homem iniciou um gradativo processo de domesticação de plantas e animais, transformando o ambiente natural em ecossistemas artificializados. A ocupação do espaço representada pela agropecuária passou, historicamente, por transformações intensas, que impactaram em diferentes amplitudes as relações humanas e o meio ambiente. Por outro lado, as práticas indígenas de fazer agricultura, consideradas atrasadas e lesivas ao meio ambiente, foram gradativamente sendo “enterradas”. No estado de Goiás, em função de avanço histórico do agronegócio, os territórios indígenas têm sido impactados em diferentes amplitudes. Os povos Karajá territorializados no Vale do Rio Araguaia tem visto seus conhecimentos desaparecer, especialmente, aqueles relacionados à convivência com a natureza e as práticas culturais aplicadas na agricultura e extrativismo. Existem sentidos materiais e simbólicos ligados ao território Karajá que precisam ser entendidos, preservados e reproduzidos. Pois neste contexto estão inseridas as práticas agrícolas e extrativistas que têm sido deixadas de lado pelos Karajá de Aruanã. Considerando o contexto da territorialização atual dos Karajá de Aruanã, temos como objetivo compreender as práticas ligadas à agricultura ainda utilizadas e aquelas que foram abandonadas por estes povos. Em pesquisa de campo, com utilização de técnicas de entrevistas não estruturadas, realizadas com o Cacique da reserva urbana dos Karajá, em Aruanã, foi possível observar que a agricultura para eles é vista como parte deles e não só como forma de produzir alimentos. Que o povo Karajá também entende a terra não só como um modo de produção porque tudo que eles tiram dela para plantar alimentos eles replanta, porque tudo o que está sobre a terra também tem vida, e eles não tem o direito de cortar uma árvore ou qualquer planta, se eles não puderem repor o que destruírem. Isto seria, de acordo, na concepção Karajá, como tirar a vida de uma pessoa.