MEMÓRIA E TESTEMUNHO NAS GRAFIC NOVELS: GEN – PÉS DESCALÇOS E MAUS – A HISTÓRIA DE UM SOBREVIVENTE.

Resumo

Essa comunicação visa se envolver no debate sobre a relação entre memória e história analisando duas Graphic Novels já conceituadas no mercado internacional; Gen – Pés Descalços, de Keiji Nakazawa (1939-2012) e Maus – a história de um sobrevivente, de Art Spielgman. Na primeira, Nakazawa, um sobrevivente ao ataque nuclear à Hiroshima (1945), usa de sua própria experiência para nos retratar a história da cidade e de alguns de seus moradores desde dias antes do ataque até meses após o mesmo. Em um exercício de brilhantismo ímpar, Nakazawa nos mostra não só o horror que se passou durante a explosão e suas consequências, mas também consegue elucidar sobre a política e sociedade que vigorava no ‘Japão Imperial’ e o espírito que surge com a reconstrução do país. Já em Maus, Art Spielgman usa das narrativas orais de seu pai, um judeu polonês sobrevivente ao Holocausto, para nos transportar para essa experiência. Spielgman não só se utiliza da memória do pai, e da sua própria memória da narrativa oral do mesmo, como fonte histórica autossuficiente, mas nos permite ir além no debate sobre o tema ao utilizar do antropomorfismo em todos os personagens (referência as imagens propagandistas do nazismo do período, que representavam os judeus como ratos e os poloneses como porcos) sem que isso invalide o testemunho histórico presente na obra. Ainda que nas obras em questão a memória e o testemunho oral estejam impressos, a análise dessas Graphic Novels contribui com esse debate ao evidenciar a importância dos mesmos na produção do conhecimento histórico.