LITERATURA, CRIME E O CARÁTER LACUNAR DA(S) HISTÓRIA(S)
Palavras-chave:
Lacuna narrativa. Violência. Romance Não Ficcional.Resumo
Essa comunicação pretende refletir sobre o caráter lacunar da(s) história(s) e sobre a ideia do historiador-detetive, ao relacionar as teorias de Paul Veyne, Michel de Certeau e Carlo Ginzburg às narrativas sobre crimes, escritas por Truman Capote: A sangue frio: relato verdadeiro de um homicídio múltiplo e suas conseqüências (1965), Robert Graysmith: Zodíaco (1976), e Janet Malcolm: Anatomia de um julgamento: Ifigênia em Forest Hills (2011). A partir daí, teceremos reflexões sobre as noções de “romance de não-ficção” e “romance-reportagem“, sobre a concepção de jornalismo literário (ou novo jornalismo), e sobre categorias importantes para se narrar o passado (seja ele recente ou longínquo), como vestígio e prova, talento e estilo, testemunhos e arquivos, ética, justiça e emoção . Desejamos ainda ponderar acerca do evidente interesse e da inegável atração de escritores – e leitores – pela estética da violência, do assassinato, da dor e da morte cruel, especialmente nos Estados Unidos da contemporaneidade, onde os crimes em foco ocorreram, repercutiram, foram investigados e contados em livros. O que o olhar perscrutador e inquieto de Capote, Graysmith e Malcolm pode nos ensinar? O que tais tramas policiais e detetivescas nos legam em termos artísticos e epistemológicos? O que significa escrever com a maestria de um romancista? Como‘ler’ esse lado obscuro do sonho americano? Por fim, tal pesquisa nos dará ocasião para pensarmos como a morte e a violência, suas dimensões sensíveis, tecnológicas e materiais se transformaram (ou permaneceram) ao longo do tempo. Trata-se de um trabalho de história sobre o espetáculo da violação da lei penal e moral, que é tão pop quanto político, tão repulsivo quanto fascinante, tão sedutor quanto absurdo.Downloads
Publicado
2014-02-03
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