EMOÇÕES E IDENTIDADES EM NARRATIVAS DE PROFESSORAS DE LÍNGUA INGLESA
uma perspectiva sociopolítica
Resumo
As questões relacionadas às emoções de aprendentes, no âmbito dos estudos sobre ensino e aprendizagem de línguas (Aragão, 2011; Barcelos, 2016; Mastrella-de-Andrade, 2011; Rodrigues, 2015), destacando variáveis afetivas como emoções, crenças e atitudes, ganharam notoriedade nos últimos anos e, são, indubitavelmente, de extrema relevância. Para este estudo, porém, adotamos a visão de Barcelos e Ruohotie-Lyhty (2023) sobre emoções enquanto fenômenos sociopolíticos, envolvendo os atravessamentos de classe, raça e gênero. Assim como as autoras, acreditamos que as emoções podem nos ajudar a promover uma educação linguística sensível, que se preocupe em apoiar o desenvolvimento das identidades de nossas/nossos alunas e alunos, bem como em desenvolver justiça social nas aulas de línguas (Barcelos; Ruohotie-Lyhty, 2023). Neste trabalho, apresentamos narrativas de duas professoras de língua inglesa, graduandas do 3º ano do curso de Letras – Inglês da Universidade do Estado do Pará (UEPA), que se identificam como mulheres, negras, pertencentes à comunidade LGBTQIA+, relatando suas experiências e emoções em dois contextos distintos, a saber: em aulas de língua inglesa para uma comunidade de bairros periféricos da cidade de Belém, dentro de um projeto de extensão do Grupo de Estudos de Professores de Línguas do Pará (GEPLIPA/UEPA/CNPq), e em aulas de língua inglesa para policiais militares do estado do Pará, dentro de um projeto da coordenação do curso de Letras – Inglês da UEPA. O objetivo deste relato de experiência é tentar compreender as emoções das professoras, considerando as especificidades de seus contextos e os aspectos socioculturais e políticos envolvidos, bem como as relações de poder presentes nos cenários descritos. Acreditamos que narrativas de professoras e professores em formação são relevantes para a pesquisa sobre emoções, já que nos trazem reconstruções interpretativas de nossas vivências (Connelly; Clandinin, 1987).